Em um movimento que tem gerado intensa discussão nos Estados Unidos, a JBS, líder mundial no processamento de carne, busca listar suas ações na Bolsa de Valores de Nova York. Esta iniciativa, que visa acessar capital mais acessível e ampliar sua base de investidores, vem sendo minuciosamente examinada devido ao passado controverso da empresa. Um grupo bipartidário de senadores norte-americanos, em uma carta enviada à Securities and Exchange Commission (SEC), expressou sérias reservas quanto a esta listagem, destacando os riscos que isso poderia trazer aos investidores e as implicações éticas envolvidas.
A trajetória da JBS tem sido marcada por diversos episódios problemáticos, incluindo um escândalo de corrupção em 2017 no Brasil, que atrasou seus planos anteriores de listagem. Além disso, em 2020, a empresa foi multada em 27 milhões de dólares pela SEC para resolver acusações de suborno relacionadas à aquisição da Pilgrim's Pride, uma importante empresa de carnes dos EUA.
Os 15 senadores, entre eles Elizabeth Warren e Cory Booker do partido Democrata, e Marco Rubio e Josh Hawley do partido Republicano, ressaltam que as alegações de ativismo ambiental contra a JBS, acusando-a de contribuir para o desmatamento da Amazônia, são motivo de "profundas preocupações". Eles argumentam que aprovar a listagem da JBS poderia não apenas expor os investidores a uma empresa com um histórico de corrupção, mas também consolidar seu poder de monopólio e encorajar práticas prejudiciais ao meio ambiente.
A JBS, por sua parte, não respondeu imediatamente aos questionamentos, mas defende que a listagem melhoraria sua governança corporativa e transparência. A SEC, igualmente, ainda não comentou oficialmente sobre o assunto.
Importante ressaltar, a JBS está entre as quatro maiores empresas de carne dos Estados Unidos, responsáveis pelo abate de aproximadamente 85% do gado engordado com grãos no país. Esse domínio de mercado coloca a empresa sob um escrutínio ainda maior.
Grupos ambientalistas pressionam a SEC a negar a listagem da JBS, alegando que as práticas de compra de gado da empresa incentivam o desmatamento da floresta amazônica. Um relatório recente dos promotores federais brasileiros apontou que cerca de 6% do gado da JBS foi adquirido de fazendas com irregularidades, incluindo desmatamento ilegal. A empresa afirma ter corrigido problemas anteriores com suas práticas de fornecimento.
Antes de a JBS poder avançar com sua proposta de listagem, cabe à SEC determinar a conformidade da oferta com as regulamentações dos EUA, um processo que será acompanhado de perto por investidores, ativistas e analistas, dadas as complexas implicações éticas, ambientais e econômicas envolvidas.