Em uma movimentação que levanta questionamentos sobre a eficácia na luta contra a desinformação, o Ministério da Saúde surpreendentemente escalou o youtuber Felipe Neto para ministrar uma palestra sobre o combate às fake news em meio à pandemia de covid-19. Com uma divulgação feita através do Twitter/X, o influenciador digital enfatizou seu desejo de transcender a crítica pela crítica, comprometendo-se a "fazer o possível" na batalha informativa, conforme suas próprias palavras: “Enquanto muita gente só xinga, seguimos fazendo o possível”. Esta declaração precede sua participação no seminário programado para a próxima segunda-feira, 11, onde pretende contribuir ativamente para a discussão.
O evento, que tem o intuito de promover um amplo debate sobre as nuances da crise sanitária desencadeada pelo novo coronavírus, contempla também a ideia de erigir um memorial em homenagem às vítimas da enfermidade. Nísia Trindade liderará a cerimônia de abertura, contando com a presença de figuras notáveis do cenário médico, como Drauzio Varella, Margareth Dalcomo e Yole Mendonça, além do próprio Felipe Neto.
Esta congregação de especialistas e políticos, entre os quais João Azevedo (PSB), governador da Paraíba e presidente do Consórcio Nordeste, bem como ex-membros da Comissão Parlamentar de Inquérito da Covid-19, a exemplo dos senadores Humberto Costa (PT-PE), Eliziane Gama (PSD-MA) e Randolfe Rodrigues, promete enriquecer o diálogo sobre os desafios trazidos pela pandemia. Contudo, a inclusão de Felipe Neto e a notória participação de figuras vinculadas a posicionamentos políticos específicos, especialmente de vertentes esquerdistas, projeta sombras sobre a objetividade e a imparcialidade necessárias em debates de tal magnitude e relevância.
A decisão de integrar um influenciador digital de postura controversa e com histórico de polarização em um debate tão crucial, ao lado de especialistas renomados e políticos de espectro variado, suscita dúvidas sobre a coerência e seriedade com que o tema das fake news na pandemia será tratado. A escolha indica uma possibilidade de desvio do foco essencial da discussão, arriscando-se a transformar um evento de suma importância em palco de divergências ideológicas e promoção de agendas particulares, em detrimento de um debate construtivo e baseado em evidências científicas.