Em um desenvolvimento significativo ocorrido nesta segunda-feira, 4 de março, o Advogado-Geral da União, Jorge Messias, anunciou uma mudança de postura da AGU em relação a um litígio envolvendo o grupo de mídia Jovem Pan. Após inicialmente defender a liberdade de expressão da emissora frente a um pedido do Ministério Público Federal (MPF) para cassar sua concessão pública, a AGU optou por se posicionar ao lado do MPF no processo.
Esta reviravolta foi motivada por críticas apontadas pelo MPF à Jovem Pan, acusando a emissora de disseminar "conteúdos desinformativos" sobre o funcionamento de instituições públicas nacionais, além de promover incitações à violência e ameaçar a estabilidade democrática do Brasil. Segundo Messias, a AGU pretende "apresentar uma petição ao Juízo para entrar no polo ativo [ao lado do MPF], para que não fique dúvida" sobre sua posição.
Em sua defesa anterior, a AGU havia argumentado contra a ação do MPF, destacando a importância da liberdade de expressão e alertando para o risco de censura prévia — uma medida vista como inconstitucional. Os procuradores da AGU, Artur Soares de Castro e Silva Helena Serra, enfatizaram que qualquer penalidade por uso abusivo da liberdade de expressão deve ser proporcional e não deve coibir a livre manifestação do pensamento.
O posicionamento anterior da AGU ecoava uma declaração do Ministério das Comunicações, que também classificou a ação contra a Jovem Pan como uma forma de censura prévia, argumentando que limitar o acesso da sociedade a diferentes ideias e opiniões seria um atentado aos direitos fundamentais.
No entanto, a insistência do MPF no processo reflete a preocupação com a integridade das informações veiculadas pela Jovem Pan, acusada de comprometer a ordem pública com a difusão de notícias falsas e incitar a indisciplina nas Forças Armadas. Diante dessas alegações, o MPF solicitou não apenas a cassação da concessão dos veículos do grupo, mas também que a União adotasse medidas para fiscalizar a emissora e garantir a veiculação de conteúdos que esclareçam a confiabilidade do processo eleitoral.
Este caso ressalta o delicado equilíbrio entre a liberdade de expressão e a responsabilidade dos meios de comunicação em promover um discurso público saudável e informativo, sem comprometer a segurança nacional ou a ordem democrática.