As universidades brasileiras registram um crescimento expressivo de casos de antissemitismo. Dados da Confederação Israelita do Brasil (Conib) indicam que as denúncias saltaram de 397 em 2022 para 1.788 em 2024, o equivalente a quase cinco ocorrências por dia. Segundo a entidade, trata-se da maior escalada já observada no ambiente acadêmico nacional.
Episódios recentes reforçam o alerta. Na Universidade de São Paulo (USP), o cientista político André Lajst teve uma palestra interrompida por manifestantes. Na Universidade Federal do Ceará (UFC), um evento acadêmico foi cancelado após invasão de pessoas mascaradas. Na PUC-Rio, alunos judeus relataram restrições à participação em debates sobre o Hamas.
Além de manifestações, há registros de decisões institucionais. Unicamp e UFC suspenderam acordos com universidades israelenses, enquanto uma prova de vestibular da UECE incluiu questão que gerou críticas por relativizar o Holocausto. Para o pesquisador Matheus Alexandre, os episódios seguem um padrão que ele define como “antissemitismo virtuoso”, fenômeno já observado em universidades dos Estados Unidos e da Europa e que agora se manifesta no Brasil.