O recente episódio envolvendo a suspensão da ação que contesta o acordo de leniência bilionário da J&F reacende o debate sobre a atuação da Justiça brasileira e os limites das repactuações financeiras. O juiz Antonio Claudio Macedo da Silva, da 10ª Vara Federal de Brasília, suspendeu o processo após o Conselho Institucional do MPF anular, por unanimidade, o desconto de 6,8 bilhões concedido à empresa dos irmãos Batista. A suspensão por um ano, segundo a J&F, é uma medida "de boa-fé", enquanto esperam um novo acordo mediado pelo ministro André Mendonça.
A decisão de suspender o processo é justificada pela empresa como uma tentativa de "evitar desperdício de tempo do Judiciário". Contudo, para muitos, o movimento pode ser visto como uma manobra para postergar o pagamento das multas e, eventualmente, buscar condições mais favoráveis. O acordo de leniência firmado em 2017 no valor de R$10,3 bilhões foi marcado por controvérsias, incluindo alegações de "absoluta coação" durante as negociações iniciais.
O caso traz à tona a questão de como o Judiciário lida com grandes corporações envolvidas em escândalos de corrupção. A intervenção constante em acordos bilionários, seja para repactuar valores ou para cancelar benefícios, coloca em dúvida o real compromisso da Justiça em garantir que as empresas responsáveis paguem por seus atos sem concessões questionáveis.