Após falha no site do Sisu, aprovados 'perdem' vaga no dia seguinte: 'Já tinha comemorado nas redes', diz aluna

Candidatos enfrentam desilusões e incertezas devido a erros no Sistema de Seleção Unificada

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Após falha no site do Sisu, aprovados 'perdem' vaga no dia seguinte: 'Já tinha comemorado nas redes', diz aluna
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Na manhã da terça-feira, 30 de janeiro, Khauany Freitas, uma jovem de 18 anos, acessou o site do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e se deparou com a mensagem que tanto ansiava: "Parabéns, você foi selecionada na chamada regular".

Compartilhando sua conquista no Instagram, ela anunciou orgulhosamente sua entrada na Universidade Federal Fluminense (UFF) para cursar Ciências Biológicas, na modalidade de cotas, escrevendo até mesmo o nome do curso em seus braços com tinta. Entretanto, um revés inesperado estava prestes a abalar suas esperanças.

Em um cenário que deixou candidatos perplexos, um erro do Ministério da Educação (MEC) fez com que Khauany, e outros como ela, "perdessem" suas vagas no dia seguinte. "O site mostrou que eu não tinha passado na faculdade. Fiquei muito frustrada, tive uma crise de ansiedade e só consegui controlar por meio de remédios", relata Khauany.

Até que houve uma reviravolta: assim como outros candidatos, por um erro do Ministério da Educação (MEC), Khauany "perdeu" a vaga no dia seguinte.

Os acontecimentos se desenrolaram da seguinte maneira: inicialmente, o resultado do Sisu estava programado para ser divulgado em 30 de janeiro. Alguns estudantes conseguiram visualizar a lista de aprovados naquela manhã, mas logo a página apresentou instabilidade e saiu do ar. Às 20h do mesmo dia, o MEC anunciou que "identificou problemas técnicos no sistema e reiniciou os protocolos de homologação", adiando a divulgação dos resultados para 31 de janeiro.

Quando finalmente as listas definitivas foram reveladas em 31 de janeiro, os estudantes receberam um choque. A classificação havia sido alterada em relação ao que havia sido mostrado no dia 30. Aqueles que já comemoravam a aprovação viram seus sonhos desmoronarem quando descobriram que não conquistaram a vaga na universidade.

O G1 procurou o MEC em busca de informações sobre o número de afetados pelo erro e os detalhes dos "problemas técnicos do sistema", mas a pasta não respondeu até a última atualização desta reportagem.

A mesma decepção de perder a vaga foi sentida por Maria Eduarda Xavier, de 19 anos, que viu seu nome ser retirado da lista de aprovados em Engenharia Ambiental no Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG) da noite para o dia. "Eu era a 3ª colocada de 3 vagas de cota [para alunos de escola pública]. Saí para comemorar com a família, mandei mensagem para as minhas melhores amigas, minha mãe postou nas redes... Minha avó [a entrevistada chora ao lembrar] ficou muito feliz de ver a última neta na faculdade. Até que, no dia seguinte, vi que não tinha passado", diz Maria Eduarda. "Meu mundo caiu."

"Eu era a 3ª colocada de 3 vagas de cota [para alunos de escola pública]. Saí para comemorar com a família, mandei mensagem para as minhas melhores amigas, minha mãe postou nas redes... Minha avó [a entrevistada chora ao lembrar] ficou muito feliz de ver a última neta na faculdade. Até que, no dia seguinte, vi que não tinha passado", diz Maria Eduarda. "Meu mundo caiu."

Em Lagarto (SE), Kamilly Giovanna, de 19 anos, ainda não teve coragem de contar para a mãe que, na verdade, não foi aprovada em Estatística na Universidade Federal de Sergipe (UFS). Em 30 de janeiro, o nome da jovem estava em primeiro lugar na modalidade de cotas. A página saiu do ar, mas Kamilly acreditou que tudo estava correto. No entanto, no dia seguinte, o site do Sisu exibiu a mensagem: "Você não foi selecionada na chamada regular".

"Acabou meu dia. Estou péssima, muito angustiada. Estou sem caminho, sem direcionamento, não sei se volto a estudar ou se acredito na chance da lista de espera", diz, chorando.

No Rio Grande do Norte, Clara Letícia, de 18 anos, experimentou a mesma angústia. Em 30 de janeiro, ela celebrava sua aprovação no curso de Direito na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). No entanto, ao descobrir que o site do Sisu estava fora do ar e que a lista de aprovados só seria republicada no dia seguinte, seu ânimo se transformou em desespero.

Quando o MEC finalmente divulgou o resultado definitivo em 31 de janeiro, Clara não estava mais classificada para sua primeira opção. Ela também não tinha a possibilidade de tentar concorrer na lista de espera, pois havia sido selecionada em sua segunda opção, Relações Internacionais. Pelas regras do Sisu, só é permitido concorrer à lista de espera para quem não foi aprovado em nenhuma das duas opções de curso marcadas na inscrição. "Eu me senti impotente e iludida. Não quis acreditar que aquilo estava acontecendo comigo", conta Clara.

Nas redes sociais, ela desabafou: "Obrigada por ser um lixo, Sisu, obrigada pelo sonho estragado! Sonhei com minha aprovação À TOA. Tô devastada!".

Duas candidatas preferiram não ser identificadas na reportagem, envergonhadas com o revés. Uma delas ocupava a última vaga de Medicina de uma universidade federal em 30 de janeiro, mas em 31 de janeiro, o site do Sisu passou a indicar que ela só teria chance se fosse convocada na lista de espera, caso algum dos classificados na primeira chamada não efetuasse a matrícula.

A outra estudante, de 17 anos, estava eufórica com a aprovação em um curso de Ciência e Tecnologia no Rio Grande do Norte. No entanto, quando o MEC informou que os resultados "definitivos" seriam publicados apenas no dia seguinte, ela não cogitou a possibilidade de não ser selecionada. "Minha nota estava alta. Não me preocupei. Postei no Instagram e comecei a planejar minha mudança de cidade", diz. "Até que descobri, em 31 de janeiro, que meu nome não estava mais entre os aprovados. Chorei a noite toda. Agora, vou focar no Enem de novo."

Em Macaé (RJ), Pedro Lora, de 19 anos, viu sua posição na lista de reclassificação cair de primeiro para 27º lugar de um dia para o outro. A frustração de perder a chance de ingressar na universidade o deixou desanimado. "Minhas chances diminuíram exponencialmente. A lista de Engenharia Elétrica não costuma 'rodar' tanto. Dá um sentimento de frustração: recebi uma injeção de expectativa e depois perdi tudo", afirma.

A falha no Sisu deixou um rastro de desilusão e incertezas para muitos candidatos, que agora enfrentam o desafio de decidir o próximo passo em seus projetos educacionais. Enquanto isso, o MEC ainda não forneceu explicações claras sobre o ocorrido, deixando os afetados à mercê de uma incerteza que afeta diretamente seus futuros acadêmicos e profissionais.