Aprosoja MT estima safra de soja 23/24 com a maior quebra porcentual de produtividade dos últimos 30 anos

Safra de soja 2023/24 sofre maior declínio em três décadas, com consequências severas para a economia estadual

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Aprosoja MT estima safra de soja 23/24 com a maior quebra porcentual de produtividade dos últimos 30 anos
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O setor agrícola do Mato Grosso enfrenta um dos períodos mais desafiadores de sua história recente. A safra de soja 2023/24 está prevista para ser a de menor produtividade dos últimos 30 anos, um fato alarmante que acarreta graves repercussões econômicas para o estado. Segundo a Aprosoja MT, a produção, que atingiu 45 milhões de toneladas no ciclo anterior, 22/23, deverá sofrer uma redução significativa, não ultrapassando a marca de 36,5 milhões de toneladas nesta temporada.

Lucas Beber, Presidente da Aprosoja MT, relata um extenso trabalho de campo realizado pela entidade, que incluiu visitas em todas as regiões do estado, abrangendo 8 mil quilômetros e envolvendo entrevistas com 908 associados em 1.003 propriedades. Essa ampla pesquisa apontou para uma produtividade estimada em torno de 50 sacas por hectare. No entanto, para muitos agricultores, a realidade é ainda mais sombria. As primeiras lavouras colhidas apresentam números alarmantes, com produtividades variando entre 45, 35 e, em casos extremos, menos de 10 sacas por hectare.

A Aprosoja MT calcula que essa queda acentuada na produção de soja resultará em um prejuízo de aproximadamente R$ 17 bilhões para a economia do Mato Grosso neste ano. Um cenário que não apenas impacta os agricultores diretamente envolvidos, mas também ressoa através de toda a cadeia econômica do estado.

Além disso, a situação da soja repercute diretamente na safra de milho. As adversidades climáticas enfrentadas desde o início da safra de soja propiciaram uma das maiores janelas de plantio na história do Mato Grosso. Isso, por sua vez, afetará o calendário de colheita e terá um impacto direto na segunda safra de milho. A liderança da Aprosoja MT já prevê uma redução de pelo menos 20% na produtividade do milho, devido ao plantio fora do período ideal e à diminuição dos investimentos em tecnologia por parte dos produtores.

Este cenário agrava as preocupações sobre a sustentabilidade e o futuro da agricultura no estado, que é um dos principais pilares da economia mato-grossense. A crise atual evidencia a necessidade de uma resposta coordenada e eficaz por parte dos setores governamentais, agrícolas e financeiros, com o objetivo de mitigar as perdas e garantir a resiliência do setor agrícola.

A situação atual também levanta questões cruciais sobre as práticas de manejo e a vulnerabilidade do setor agrícola às mudanças climáticas. A necessidade de adaptação às novas realidades climáticas e de investimento em tecnologias sustentáveis torna-se cada vez mais premente, não apenas para garantir a continuidade da produção, mas também para preservar os recursos naturais do estado.

O impacto da crise na safra de soja e milho vai além das fronteiras do Mato Grosso, afetando a cadeia de suprimentos nacional e possivelmente os mercados internacionais. A situação serve como um alerta para a importância da agricultura na economia nacional e para a vulnerabilidade do setor a fatores externos, como as condições climáticas.

Neste momento crítico, é fundamental que haja um esforço conjunto entre produtores, entidades representativas, autoridades estaduais e federais, e investidores, para desenvolver estratégias que não apenas enfrentem a crise atual, mas também preparem o setor para desafios futuros. O Mato Grosso, um gigante no cenário agrícola brasileiro, enfrenta uma encruzilhada que exige decisões estratégicas, inovação e resiliência para superar este período desafiador e assegurar a sua posição de destaque na agricultura nacional e global.