A Procuradoria-Geral da República (PGR) decidiu pelo arquivamento do inquérito que investigava o senador Renan Calheiros (MDB-AL) por suspeita de propina relacionada à edição da Medida Provisória dos Portos. Segundo o procurador-geral Paulo Gonet, os indícios contra Calheiros "não sustentam a continuidade das investigações". A decisão ocorre mesmo diante de doações suspeitas ao partido do senador e de sua ligação com lobistas apontados pela Polícia Federal como operadores políticos. Mais uma vez, o sistema jurídico brasileiro parece operar em benefício de uma elite política intocável.
A medida soma-se a outros arquivamentos de investigações contra Renan Calheiros, incluindo casos relacionados à Odebrecht, ao fundo Postalis e à Lava Jato. Apesar das conexões evidentes entre o senador e personagens-chave em esquemas de corrupção, a justificativa da PGR insiste em desconsiderar elementos que poderiam aprofundar a apuração. Gonet ainda isentou Calheiros ao afirmar que a prerrogativa de edição de MPs cabe exclusivamente à Presidência, afastando qualquer influência do senador no episódio.
O arquivamento escancara a fragilidade das instituições na responsabilização de figuras de alto escalão, alimentando o descrédito da população no sistema de justiça. Enquanto milhares de brasileiros enfrentam a lei com todo o rigor, políticos como Renan Calheiros acumulam vitórias jurídicas que desafiam a lógica e a justiça. A decisão da PGR não só reforça a sensação de impunidade como também enfraquece a luta contra a corrupção, deixando o cidadão comum à mercê de um sistema desigual e parcial.