As investigações da Polícia Civil de São Paulo começaram a desvendar um esquema que movimentou cerca de R$ 8 bilhões, envolvendo o Primeiro Comando da Capital (PCC) e a fintech 4TBank. Esta organização criminosa estaria utilizando o banco digital para financiar campanhas políticas, além de esquentar dinheiro proveniente de atividades ilícitas, alimentando um ciclo de corrupção e criminalidade. Em meio a esse turbilhão, a Gazeta do Povo tentou obter um posicionamento da fintech, mas, até o fechamento da reportagem, os representantes da empresa não se manifestaram.
No último dia da campanha eleitoral, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) denunciou que o PCC estaria orientando familiares de faccionados a votarem em candidatos como Guilherme Boulos (PSOL) à prefeitura de São Paulo. É importante ressaltar que, apesar das graves denúncias, não há evidências concretas de financiamento do PCC à campanha de Boulos, e muitos dos candidatos supostamente apoiados pela facção pertencem a partidos do centro, especialmente em cargos municipais.
O desmantelamento deste esquema começou a ganhar forma após a prisão de uma mulher ligada ao PCC, que revelou uma rede de comunicação e financiamento político através de documentos encontrados em sua residência. Cartas do marido, um dos líderes da facção, detalhavam quais candidatos deveriam receber investimentos. Os indícios são claros: a tentativa do PCC em influenciar a política local representa um perigo para a democracia e um desafio urgente para as autoridades competentes. A sociedade brasileira não pode permitir que o crime organizado ditar os rumos políticos do país.
Operador do banco do PCC tinha experiência com mercado financeiro e o meio político
A Polícia Civil identificou João Gabriel Yamawaki como o operador do banco do PCC, com experiência no mercado financeiro e no meio político. “Batizado” na facção, ele integra a Sintonia Geral dos Caixas, responsável por movimentações financeiras. Preso em agosto, Yamawaki é parte de um esquema que movimentou R$ 8 bilhões, com denúncias recentes contra 19 suspeitos. Especialistas alertam que a facção não busca dominar o Estado, mas sim infiltrar-se para obter vantagens econômicas, acessando contratos públicos e licitações.
As investigações revelaram um planejamento de apadrinhamento político, visando expandir a influência do PCC em áreas estratégicas. Yamawaki, através de contas do banco digital, teria financiado campanhas e até mesmo transações de drogas no Paraguai, reforçando a necessidade de um olhar atento à conexão entre crime organizado e política. O desmantelamento desse esquema é crucial para proteger a integridade das instituições democráticas.
Movimentação bilionária do banco do PCC e o Banco Central
Em uma análise preocupante, a financeira digital 4TBank, apontada como o banco do PCC, operou por cinco anos sem as devidas licenças do Banco Central, passando despercebida pelas autoridades responsáveis pela estabilidade financeira do país. “É preocupante que uma instituição que opera como banco digital do PCC tenha funcionado por tanto tempo e movimentado tantos recursos sem ter chamado a atenção das autoridades”, alerta o analista de mercado Marcelo Dias.
As investigações revelam que, durante esse período, o 4TBank movimentou cerca de R$ 600 milhões, incluindo R$ 100 milhões em saques em espécie, facilitando operações financeiras não rastreadas. Com múltiplos CNPJs e pelo menos 19 empresas suspeitas de atuar como laranjas, o esquema evidencia a necessidade urgente de uma revisão nos mecanismos de controle e supervisão do sistema financeiro, que, segundo Dias, “não pode permitir que bilhões de reais sejam movimentados sem supervisão”.