Durante a conferência de abertura da Corte Interamericana de Direitos Humanos, realizada em São José, Costa Rica, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, fez declarações que levantaram polêmica ao atribuir a não conquista de um prêmio Nobel de Literatura pelo cantor e compositor Chico Buarque à barreira linguística imposta pelo português.
"Bob Dylan é um artista de alta qualidade e, merecidamente, ganhou um prêmio Nobel. Mas sem nenhuma pretensão nacionalista, se a língua não fosse uma barreira, Chico Buarque teria recebido o prêmio muito antes, pelo fato de que também tem uma obra artística e poética notável, só que mais sofisticada e abrangente", afirmou Barroso.
Tal posicionamento suscita questionamentos sobre a imparcialidade do ministro, visto que Buarque é uma figura notoriamente alinhada com o espectro político de esquerda, especialmente com o PT e seus aliados.
Bob Dylan, laureado pela Academia Sueca em 2016 por "criar novas expressões poéticas dentro da grande tradição da canção americana", foi o primeiro músico a receber tal honraria. Em contrapartida, Chico Buarque, conhecido por suas posições políticas e ideológicas, foi agraciado com o Prêmio Camões em 2019, o principal troféu literário da língua portuguesa. A entrega do prêmio foi marcada por controvérsia, pois o então presidente Jair Bolsonaro (PL) se recusou inicialmente a assinar o documento de certificação do prêmio, uma decisão interpretada por muitos como um posicionamento contra as inclinações políticas de Buarque.
As declarações de Barroso, além de revelarem um viés favorável a figuras alinhadas com a esquerda, também desconsideram a relevância da diversidade linguística e cultural. Ao atribuir a não obtenção de um Nobel por Buarque unicamente à barreira da língua, desvaloriza-se a riqueza e a singularidade do português como veículo de expressão artística. Ademais, ignora-se a competência e o mérito de artistas que, apesar de não falarem inglês, alcançaram reconhecimento internacional em suas respectivas áreas.
Este incidente reforça a percepção de que certas figuras do judiciário brasileiro podem estar mais comprometidas com agendas políticas e ideológicas do que com a imparcialidade e a equidade. Em um momento onde o Brasil busca fortalecer suas instituições e garantir a justiça, declarações como as de Barroso contribuem para a polarização e a desconfiança na integridade do sistema judiciário.