Desde julho, o governo federal já tinha conhecimento de graves denúncias de assédio sexual envolvendo membros de sua cúpula. Documentos obtidos pela Lei de Acesso à Informação (LAI) mostram que tanto a Casa Civil quanto o Ministério dos Direitos Humanos negaram repetidamente a existência de qualquer denúncia. Essa postura de omissão levanta sérias suspeitas de prevaricação, já que o ex-ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, teria começado a elaborar sua defesa antes mesmo de as acusações se tornarem públicas.
Enquanto isso, a primeira-dama, Janja, já tinha ciência dos acontecimentos, assim como outras figuras de destaque do governo, como Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial. Parlamentares conservadores pressionam o procurador-geral da República a abrir uma investigação por prevaricação contra o presidente Lula, acusado de omitir-se deliberadamente frente às denúncias de assédio sexual envolvendo seu governo.
A exoneração de Silvio Almeida só ocorreu após a crise se tornar insustentável, com pressão crescente da oposição e da mídia conservadora. A demora em agir revela o descaso de um governo mais interessado em manter as aparências do que em proteger vítimas de assédio.