Em um movimento estratégico visando a sustentabilidade e o equilíbrio do mercado, o governo chinês anunciou planos para "orientar" os agricultores na redução da capacidade de produção de suínos. Esta decisão, divulgada pelo Ministério da Agricultura da China nesta terça-feira, surge como resposta a uma crise de superprodução no setor, que resultou em uma oferta excessiva de suínos e, consequentemente, em perdas substanciais para os produtores.
Nos últimos anos, as grandes empresas do agronegócio na China, maior produtor mundial de carne suína, modernizaram suas fazendas e expandiram os rebanhos de suínos com tal rapidez que uma diminuição na demanda causou uma queda acentuada nos preços dos suínos. Esta situação levou a crescentes perdas financeiras e ao aumento da dívida no setor no ano passado.
Lei Liugong, diretor de mercado e tecnologia da informação do ministério, em uma coletiva de imprensa, revelou que os agricultores sofreram uma perda média de 76 yuans (US$ 10,60) por porco em 2023. Como consequência, muitos produtores aceleraram o abate de suínos no final do ano passado em uma tentativa de minimizar suas perdas, elevando a produção de carne suína do país para um pico de nove anos de 57,94 milhões de toneladas métricas.
Lei Liugong também mencionou que o rebanho de porcas no final de dezembro diminuiu 2,5 milhões de cabeças em comparação ao ano anterior, totalizando 41,42 milhões de cabeças. Apesar dessa redução, o número do rebanho permanece elevado, indicando que a diminuição de estoques continuará nos próximos um a dois meses, mantendo os preços deprimidos.
Contudo, espera-se que a diminuição no número de porcas reprodutoras favoreça a recuperação do mercado no segundo trimestre do ano. Para acelerar o retorno ao equilíbrio entre oferta e demanda, o ministério guiará as fazendas e as famílias na redução da capacidade de produção e no engordamento adequado dos porcos, conforme explicado por Lei Liugong.
Além disso, Chen, um outro representante do ministério, destacou que a proporção atual de farelo de soja na alimentação animal caiu para 13%, uma redução de 1,5 ponto percentual em relação a 2022, o que representa uma diminuição de cerca de 9 milhões de toneladas métricas no consumo de soja. Esta mudança na dieta dos animais reflete os esforços da China para diminuir suas importações de soja, promovendo dietas com baixo teor de proteínas e o uso de sementes oleaginosas, restos de alimentos e carcaças de animais na alimentação animal.
Essas medidas adotadas pelo governo chinês demonstram um compromisso com a reestruturação e a sustentabilidade do setor suíno, buscando uma harmonia entre a produção agrícola e as necessidades do mercado, alinhadas com práticas mais ecológicas e econômicas.