Durante o anúncio do pacote de ações federais para enfrentar a crise no Rio Grande do Sul, o governador Eduardo Leite (PSDB) evitou agradecer diretamente ao presidente Lula (PT), ressaltando apenas a necessidade de superar divergências ideológicas. “As necessidades urgentes da população gaúcha serão atendidas com o maior esforço de seu presidente, de seu governador e de prefeitos”, afirmou Leite na solenidade em São Leopoldo (RS). A ausência de um agradecimento explícito gerou desconforto entre os integrantes do Palácio do Planalto, que interpretaram o gesto como uma reação à nomeação de Paulo Pimenta para a Secretaria Extraordinária para Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul.
Apesar do clima tenso, o governador nega qualquer incômodo com a escolha de Pimenta e reforça seu compromisso com a sociedade. “Não contem comigo para disputa política, não contem comigo para disputa de vaidades, de egos, é em favor da sociedade. Temos uma população nesse momento que está sofrendo”, disse Leite. Aliados de Leite, no entanto, admitiram que o governador ficou desconfortável com a designação de um político com pretensões eleitorais no estado. O receio agora é que a secretaria comandada por Pimenta possa representar uma nova tentativa de controle dos recursos federais. O presidente do PSDB, Marconi Perillo, criticou o anúncio da autoridade federal sem consulta ao governador, enquanto Aécio Neves (PSDB-MG) anunciou que questionará na Câmara os fundamentos legais para a criação do ministério.