A floresta amazônica brasileira enfrenta seu pior início de ano em termos de incêndios, com mais de 12.000 quilômetros quadrados queimados entre janeiro e abril de 2024. Essa área devastada é maior do que o Catar e representa um recorde em mais de duas décadas, conforme dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
A seca, alimentada pelo fenômeno climático El Niño, é um fator, mas a verdadeira causa reside na negligência governamental. Reduções significativas no orçamento do Ibama e na proteção ambiental, acompanhadas por tensões salariais, paralisaram agentes essenciais no combate às queimadas. "O governo precisa entender que sem o engajamento total dos servidores ambientais, a situação que se vislumbra para este ano é de uma catástrofe sem precedentes", afirmou Cleberson Zavaski, presidente da Ascema.
Os incêndios na Amazônia, frequentemente iniciados para a expansão agrícola, refletem a falta de uma política conservadora eficaz e robusta. Precisamos de investimentos sólidos em prevenção e combate aos incêndios, garantindo condições de trabalho adequadas aos servidores ambientais. Sem isso, a preservação da maior floresta tropical do mundo e sua vital capacidade de absorver gases de efeito estufa estarão em risco. É imperativo que se restaure uma governança conservadora e comprometida com a integridade ambiental do Brasil.
Nota – Ministério de Meio Ambiente
Os incêndios florestais no Brasil e em outros países da região amazônica, como Colômbia e Venezuela, são intensificados pela mudança do clima e por um dos El Niños mais fortes da história, que causou estiagens prolongadas em diversas áreas do bioma em 2023.
De janeiro a abril, os incêndios concentraram-se no Estado de Roraima (40% dos focos na Amazônia), onde a estação seca ocorre no início do ano e foi agravada por fatores climáticos. Ibama e ICMBio enviaram cerca de 380 combatentes para o Estado, e todos os focos na região foram controlados.
Em Mato Grosso (36% dos focos) e no Pará (9%), parte dos incêndios está relacionada a desmatamento. Ainda assim, os Estados registraram quedas de 45% e 40%, respectivamente, na área sob alertas de desmatamento de janeiro a abril na comparação com os primeiros quatro meses de 2023, segundo o sistema Deter, do Inpe.
Em toda a Amazônia houve queda de 42% da área sob alertas de desmatamento no mesmo período (janeiro a abril), após redução de 50% em 2023 na comparação com 2022.
O grave aquecimento registrado nos últimos meses provocou mudanças de padrão, como o avanço do fogo para áreas de vegetação nativa. De janeiro a abril de 2024, 33% dos focos de incêndio na Amazônia ocorreram em áreas de vegetação primária, e 9% em áreas com desmatamento recente. No primeiro quadrimestre de 2022, último ano da gestão anterior, ocorreu o inverso: 5% dos focos foram registrados em áreas de vegetação primária, e 24%, com desmatamento recente.
O MMA finalizou proposta para melhorar a capacidade de gestão de risco de incêndios, com aumento de recursos, desburocratização de contratações (serviços, equipamentos e brigadistas) e ampliação da coordenação com os Corpos de Bombeiros dos Estados da Amazônia e do Pantanal.
Foram disponibilizados pela atual gestão R$405 milhões do Fundo Amazônia para os Corpos de Bombeiros dos nove Estados da Amazônia Legal. O governo federal também busca soluções conjuntas para o Projeto de Lei nº 1818/22, que institui a Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo. A iniciativa reforçará a prevenção de incêndios florestais no país.
A cooperação entre órgãos ambientais federais, estaduais e municipais é fundamental para permitir ações estratégicas e eficazes de prevenção e combate a incêndios florestais.