O Brasil, um dos maiores produtores globais de soja, enfrenta uma temporada agrícola marcada por incertezas e desafios. Segundo Vlamir Brandalizze, consultor de mercado da Brandalizze Consulting, existe um significativo questionamento sobre a produção de soja. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projeta uma colheita de 155,3 milhões de toneladas, um número que, embora seja uma redução em relação a estimativas anteriores, ainda está acima das expectativas do mercado. "A safra é uma dúvida grande", afirma Brandalizze, apontando o impacto dessa incerteza nos mercados internacionais, inclusive na Bolsa de Chicago.
As atenções se voltam agora para as lavouras plantadas mais tarde, já que aquelas cultivadas mais cedo foram as mais afetadas. Além das perdas quantitativas, a qualidade do grão colhido também se tornou uma preocupação crescente. Enquanto algumas regiões brasileiras ainda apresentam bons índices de rendimento, outras sofrem severamente com as adversidades climáticas, particularmente no Centro-Oeste.
As imagens capturadas por Alexandre Bandeira no norte de Mato Grosso ilustram essa realidade. A complexidade da situação no setor sojeiro, desde os produtores até os consumidores finais, impulsiona o mercado a acompanhar de perto as projeções de consultorias privadas e as estimativas da Conab, aguardando com expectativa os próximos números do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), programados para serem divulgados na sexta-feira (12).
Karen Braun, especialista em commodities agrícolas da Reuters Internacional, sinaliza que o USDA provavelmente reduzirá sua previsão para a produção brasileira de soja, estimando, em média, 156,26 milhões de toneladas. Esse ajuste se alinha à tendência de revisões para baixo, já que o adido do USDA no Brasil atualizou sua estimativa para 158,5 milhões de toneladas, uma redução de 3,5 milhões em relação à projeção anterior. "O corte se deu pelo clima muito ruim, em função do El Niño, particularmente nos estados do Centro-Oeste", explica a instituição.
Ginaldo Sousa, diretor geral do Grupo Labhoro, comenta que "150 milhões é um número bem avaliado, bem apreciado para este momento". Ele observa que, embora as chuvas recentes tenham sido benéficas, não foram suficientes para reverter os danos nas áreas onde a soja foi plantada mais cedo. As perdas nessas regiões, infelizmente, são irreversíveis.
Um vídeo de Alexandre Bandeira evidencia a situação no norte de Mato Grosso: "Estamos começando a colheita com a soja já bem avariada", relata Bandeira, descrevendo um cenário de produção baixa e grãos danificados. "Custo alto, ano em que deveríamos colher um pouco mais por conta dos preços que não ajudam, mas essa é a nossa realidade".