A Confederação Israelita do Brasil (Conib) tomou uma medida decisiva nesta segunda-feira, 22 de janeiro, ao solicitar a abertura de um inquérito policial contra José Genoino por suas recentes declarações que tangem ao racismo. A Conib pediu também medidas cautelares contra o ex-membro do PT, alegando a necessidade de prevenir futuras ações semelhantes, consideradas um risco para a comunidade judaica e potencialmente incitadoras de crime.
As polêmicas declarações de Genoino surgiram durante uma entrevista concedida a um blog vinculado ao PT no sábado, 20. O ex-presidente do PT defendeu o boicote a empresas lideradas por judeus, uma posição que rapidamente provocou indignação e preocupação. “É interessante essa ideia do boicote por motivos políticos que ferem interesses econômicos. Inclusive tem esse boicote em relação a determinadas empresas de judeus”, declarou Genoino, acrescentando ainda que o Brasil deveria cortar relações comerciais na área de segurança e defesa com o estado de Israel.
Essas declarações repercutiram negativamente dentro da comunidade judaica. A Conib e a Federação Israelita do Estado de São Paulo, em notas divulgadas no domingo, 21, expressaram seu repúdio. A Conib enfatizou que tal fala é antissemita e, como tal, configura um crime no Brasil. A entidade relembrou que o boicote aos judeus foi uma das primeiras medidas do regime nazista, levando ao trágico Holocausto.
Por sua vez, a Federação Israelita de São Paulo categorizou a fala de Genoíno como “criminosa”, associando-a à filosofia de Adolf Hitler. Essa comparação ressalta a gravidade do discurso e o perigo que ele representa, não apenas para a comunidade judaica, mas para a sociedade em geral.
Paralelamente, o deputado federal Kim Kataguiri (União Brasil-SP) reagiu, entrando com uma ação de responsabilidade por danos coletivos no Ministério Público de São Paulo. Este gesto reforça a importância de enfrentar discursos de ódio e segregação, especialmente quando proferidos por figuras públicas.
Neste contexto, a Conib também fez um apelo às lideranças políticas brasileiras, pedindo moderação e equilíbrio em relação ao conflito no Oriente Médio. A entidade alerta sobre o risco de importar tensões externas para o Brasil, especialmente através de declarações polarizadoras que não condizem com a tradicional política externa brasileira.
Este incidente ressalta a necessidade contínua de vigilância contra o antissemitismo e qualquer forma de racismo. Ele também chama atenção para a responsabilidade das figuras públicas em manter um discurso respeitoso e construtivo, evitando retóricas extremadas que possam fomentar divisões e hostilidade.