A Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares (Contag) é alvo de investigações após movimentar R$ 2 bilhões em apenas um ano, segundo relatório do Coaf encaminhado à CPMI do INSS.
O documento aponta transações consideradas incompatíveis com a realidade financeira da entidade, incluindo operações em municípios de fronteira, depósitos expressivos em curto prazo e uso de instrumentos como “cheques viagem” sem justificativa plausível.
Os dados reforçam suspeitas já levantadas pela Operação Sem Desconto, da Polícia Federal, que apura fraudes em cobranças sobre benefícios previdenciários. A Controladoria-Geral da União registrou arrecadação de R$ 3,4 bilhões pela Contag desde 2016, valor elevado para um sindicato rural. A discrepância entre os números oficiais e as movimentações levanta questionamentos sobre a origem e o destino dos recursos.
O histórico da entidade também expõe vínculos com o Partido dos Trabalhadores. Ex-dirigentes ocuparam cargos na sigla e o ex-presidente da Contag, Aristides Veras, é irmão do deputado Carlos Veras (PT-PE), atual primeiro-secretário da Câmara. A proximidade política, aliada aos indícios financeiros, amplia as suspeitas de uso indevido dos recursos. Procurada, a Contag não se pronunciou até o fechamento desta reportagem.
