Em uma ação audaciosa que agravou a já tensa situação de segurança no Haiti, mais de 4.000 detentos, entre os quais figuram membros de gangues acusados pelo assassinato do presidente Jovenel Moïse, conseguiram escapar da principal penitenciária do país. O episódio desencadeou uma série de medidas drásticas por parte das autoridades haitianas, incluindo a imposição de um toque de recolher noturno obrigatório, numa tentativa de retomar o controle da situação.
No último fim de semana, o país foi palco de um surto de violência sem precedentes, quando gangues armadas promoveram ataques coordenados às duas maiores prisões do Haiti, libertando todos os prisioneiros. Como resposta, o governo haitiano decretou um estado de emergência de 72 horas a partir da noite de domingo, 3 de março, comprometendo-se a empreender todas as ações necessárias para recapturar os fugitivos.
Patrick Boivert, ministro das Finanças e atual primeiro-ministro interino, emitiu um comunicado reforçando a determinação do governo em enfrentar a crise. “A polícia recebeu ordens de usar todos os meios legais à sua disposição para fazer cumprir o toque de recolher e prender todos os criminosos”, afirmou Boivert, sinalizando a gravidade da situação.
O caos se estendeu para além das prisões. Em um episódio particularmente audacioso, membros de gangues realizaram um ataque contra outra instituição penal em Porto Príncipe, que abrigava cerca de 1.400 detentos. Além disso, o principal estádio de futebol do país foi ocupado e vandalizado por homens armados, que mantiveram um funcionário como refém durante várias horas, conforme relatado pela federação haitiana de futebol.
Esses eventos dramáticos evidenciam o poder e o alcance das gangues no Haiti, que, segundo estimativas, controlam até 80% de Porto Príncipe. O aumento exponencial da violência nas ruas e o temor crescente de um golpe de estado contra o governo atual acrescentam camadas de complexidade a uma crise já profunda, destacando os desafios enfrentados pelo Haiti em sua luta pela estabilidade e segurança.