De Che a Moraes: A fabricação de mitos sob medida para o discurso conveniente

Jornalista que endeusou Guevara agora exalta ministro do STF como guardião da democracia, enquanto omite abusos e silencia sobre o avanço do Judiciário sobre os demais Poderes

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De Che a Moraes: A fabricação de mitos sob medida para o discurso conveniente
Foto: Fábio Setti

Jon Lee Anderson, o mesmo que endeusou Che Guevara em uma biografia que mais pareceu panfleto revolucionário, agora tenta reabilitar a imagem de Alexandre de Moraes, pintando-o como o "último escudo da democracia brasileira" na revista New Yorker. O texto não economiza louvores, mas escorrega ao ignorar a crescente inquietação sobre o ativismo judicial no Brasil — cenário que Moraes domina com mãos firmes e decisões controversas.

A reportagem o trata como um anti-Bolsonaro, defensor da ordem institucional contra “ameaças extremistas”, enquanto ele mesmo adota falas inflamadas e promove o controle das redes sociais. Ao tachar opositores como inimigos da democracia e antecipar sentenças ainda em debate, o ministro revela um protagonismo político que vai além de seu papel constitucional.

Anderson, mais uma vez, opta pela narrativa épica ao invés do jornalismo analítico. O resultado é um retrato enviesado, que tenta esculpir um novo ícone para a militância ideológica, mesmo que isso custe a objetividade e o equilíbrio jornalístico.