Jon Lee Anderson, o mesmo que endeusou Che Guevara em uma biografia que mais pareceu panfleto revolucionário, agora tenta reabilitar a imagem de Alexandre de Moraes, pintando-o como o "último escudo da democracia brasileira" na revista New Yorker. O texto não economiza louvores, mas escorrega ao ignorar a crescente inquietação sobre o ativismo judicial no Brasil — cenário que Moraes domina com mãos firmes e decisões controversas.
A reportagem o trata como um anti-Bolsonaro, defensor da ordem institucional contra “ameaças extremistas”, enquanto ele mesmo adota falas inflamadas e promove o controle das redes sociais. Ao tachar opositores como inimigos da democracia e antecipar sentenças ainda em debate, o ministro revela um protagonismo político que vai além de seu papel constitucional.
Anderson, mais uma vez, opta pela narrativa épica ao invés do jornalismo analítico. O resultado é um retrato enviesado, que tenta esculpir um novo ícone para a militância ideológica, mesmo que isso custe a objetividade e o equilíbrio jornalístico.