A recente viagem da primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, a Paris para a abertura da Olimpíada reflete uma estratégia do presidente Lula para posicioná-la como figura central no Palácio do Planalto, superando até mesmo o vice-presidente Geraldo Alckmin. Sem cargo eletivo ou vínculo público formal, Janja acumula atribuições que incluem missões internas e internacionais, além de reformas e eventos.
A oposição questiona a necessidade e os custos da viagem, que totalizaram R$ 83,4 mil, conforme o Painel de Viagens do Ministério da Gestão. A Secretaria de Comunicação Social defende que as passagens foram adquiridas em aviação comercial e justificam os gastos elevados pela alta demanda durante os Jogos Olímpicos.
- Viagens internacionais com protocolo de chefe de Estado
Janja acompanhou Lula em viagens internacionais com o protocolo de chefes de Estado, participando de recepções e encontros diplomáticos. Na cúpula do G20 na Índia (2023), ela foi a única primeira-dama a acompanhar líderes, mas teve que sair da foto oficial com Lula e Modi. Em Portugal, sua presença nas reuniões com o presidente Marcelo Rebelo de Souza e o primeiro-ministro António Costa, que estavam sem esposas, gerou críticas.
- Comendas e honrarias do Brasil e exterior
A primeira-dama brasileira, sem histórico em cargos públicos, recebeu várias comendas, incluindo a Ordem Cruzeiro do Sul e a Ordem Nacional da Legião de Honra da França, concedida por Emmanuel Macron, além da Grã-Cruz da Ordem Infante D. Henrique de Portugal. Em Portugal, sua honra foi criticada pela direita por não ter contribuído para o país.
- Chefe de missões oficiais
Janja liderou missões oficiais no Brasil e no exterior, como em enchentes no Rio Grande do Sul e na ONU. Recentemente, participou de evento preparatório do G20, causando embaraço ao falar como representante do governo e gravar vídeo elogiando a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza.
- Reformas e compras para os palácios do Alvorada e do Planalto
Janja supervisionou reformas e aquisições para o Palácio da Alvorada e o Planalto, destacando-se pelos altos custos. A reforma de seu gabinete no Planalto, próxima ao presidente, gerou polêmica ao causar a realocação de profissionais e impactar outros espaços. Janja também solicitou a recuperação da Praça dos Três Poderes após os protestos de 8 de Janeiro, mas o TCU suspendeu as obras do PAC devido a um recurso de empresa derrotada na licitação.
- Quase compra de um novo avião presidencial
Janja teve papel central nas discussões sobre a aquisição de um novo avião presidencial, substituindo o Airbus A319-ACJ. A nova aeronave, estimada em R$ 400 milhões, era um Airbus A330-200 de uma empresa suíça. A compra foi contestada por deputados da oposição, alegando danos ao erário e desvio de finalidade. A repercussão negativa levou Lula a cancelar a aquisição.
- Escolha e substituição de ministros
Janja influenciou a escolha e substituição de ministros, incluindo Margarete Menezes na Cultura e Silvio Almeida nos Direitos Humanos. Consultada para cargos de alto escalão, ela se vê como "articuladora" e evita uma função decorativa. Seu papel lembra o de Eva Perón, atuando como ministra de fato na Argentina sem cargo oficial.
- Conselheira de Lula no 8 de Janeiro e parceria com ministros
Após os eventos de 8 de janeiro, Janja, conforme Lula, atuou como conselheira próxima, moldando a resposta do governo e impedindo a GLO. Ex-funcionária de Furnas, ela tentou influenciar o setor energético, associando o apagão de agosto de 2023 à privatização da Eletrobras, com apoio do ministro Alexandre Silveira.
- Presença em reuniões ministeriais
Janja frequentemente participa de reuniões ministeriais, com posição de destaque na mesa, apesar de não ter cargo oficial no Planalto, contribuindo para as discussões e decisões estratégicas do governo. Isso reforça sua posição como uma figura influente no núcleo duro de poder do Palácio do Planalto.
- Reuniões estratégicas do PT, como foco na agenda das mulheres
A primeira-dama participa ativamente de reuniões do PT, focando em apoiar candidatas mulheres. Ela ajuda a definir estratégias de campanha e políticas públicas para promover a igualdade de gênero, visando engajar o eleitorado feminino, que corresponde a quase 53% dos eleitores.
- Atuação na estratégia de comunicação do governo
Janja destaca-se na estratégia de comunicação digital do governo, criando conteúdos e campanhas online e gerenciando as redes sociais oficiais. Seu objetivo é melhorar a imagem do governo e engajar diretamente a população. Ela tentou incluir Jean Wyllys na Secom, mas houve atritos com Paulo Pimenta.