A mais recente peça da Procuradoria-Geral da República (PGR) parece ter sido escrita para um prêmio de roteiro, mas não para um processo jurídico sério. Como bem apontado pelo advogado André Marsiglia, a denúncia se apoia em lacunas preenchidas com especulação, ignorando a necessidade básica de qualquer acusação: provas concretas. A tentativa de vincular 34 pessoas a eventos do dia 8 carece de qualquer individualização de conduta, transformando uma peça jurídica em uma colagem de suposições sem fundamentação real.
A fragilidade do caso fica ainda mais evidente quando se percebe que a acusação se sustenta unicamente na delação de um réu visivelmente coagido. Vídeos divulgados mostram claramente o constrangimento de Mauricídio, tornando sua delação não apenas questionável, mas juridicamente nula. Diante disso, a narrativa oficial se desmancha, revelando um enredo montado às pressas para justificar uma condenação pré-definida.
A inconsistência fica gritante quando se analisa a condução dos julgamentos: se os eventos do dia 8 foram um "braço" dessa suposta organização, por que os acusados estão sendo julgados em instâncias diferentes? A falta de coerência jurídica e a nítida politização do caso reforçam a suspeita de que a verdade é apenas um detalhe incômodo no espetáculo judicial que se desenrola.