O desfile da escola de samba Vai-Vai no Carnaval de São Paulo causou grande polêmica. Uma ala da agremiação, composta por pessoas fantasiadas de policiais do batalhão de choque com chifres e asas vermelho-alaranjadas, foi interpretada por muitos como uma referência demoníaca e um ataque à moral e aos valores cristãos.
Em resposta à repercussão negativa, os deputados Capitão Augusto (PL-SP) e Dani Alonso (PL-SP) enviaram ofícios ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e ao prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes, pedindo que a Vai-Vai seja punida com o bloqueio de verbas públicas no próximo ano.
Críticos argumentam que a ala da "polícia demoníaca" é uma afronta à fé cristã, à imagem da Polícia Militar e à memória dos policiais que perderam suas vidas em serviço. Consideram o desfile como uma apologia ao crime e à violência.
"A Vai-Vai promoveu uma apologia ao crime e à violência, além de ofender a fé de milhões de brasileiros. É inadmissível que uma escola de samba receba dinheiro público para realizar um espetáculo que fere a moral e os bons costumes." Capitão Augusto
"O desfile da Vai-Vai foi uma afronta à memória dos policiais que tombaram em defesa da sociedade. Não podemos permitir que o dinheiro público seja usado para financiar ataques à nossa cultura e aos nossos valores." Dani Alonso
A escola de samba se defendeu das críticas, afirmando que a ala da "polícia demoníaca" não tinha intenção de ofender ninguém, mas sim de satirizar a violência policial. A Vai-Vai também ressaltou que o Carnaval é uma festa popular que deve ser palco de diferentes expressões artísticas, inclusive as críticas e irreverentes.
A polêmica em torno do desfile da Vai-Vai reacende o debate sobre os limites da liberdade de expressão artística no Brasil. De um lado, estão aqueles que defendem a liberdade irrestrita de criação, mesmo quando se trata de temas controversos. De outro lado, estão aqueles que acreditam que a arte deve ter limites e que não deve ser utilizada para ofender a fé ou os valores de grupos específicos.
Ainda não está claro qual será a decisão final sobre a punição da Vai-Vai. O caso está sendo analisado pelo governo estadual e pela prefeitura de São Paulo. A decisão final terá um impacto significativo no futuro da escola de samba e no debate sobre a liberdade de expressão artística no Brasil.