O cenário político brasileiro, sempre dinâmico e complexo, está vivenciando mais uma fase de intrincadas manobras partidárias. O presidente nacional do MDB, deputado federal Baleia Rossi, manifestou desconforto com a recente ação do presidente Lula em trazer Marta Suplicy de volta ao PT e lançá-la como vice na chapa de Guilherme Boulos (Psol-SP) em São Paulo.
Em uma entrevista concedida ao jornal O Globo, Baleia Rossi expressou que, considerando a posição do MDB como integrante da base aliada do governo, Lula poderia ter adotado uma abordagem diferente. "Claro que causou um desconforto porque ela estava no governo do Ricardo há três anos. Acho que até pelo fato de o MDB fazer parte do governo, ele [Lula] poderia ter agido de maneira diferente, sim. Mas a gente tem que respeitar. É a eleição mais importante do Brasil. É natural o presidente Lula articular", afirmou o deputado.
A movimentação em torno da saída de Marta da gestão de Ricardo Nunes e a nomeação de Aldo Rebelo em seu lugar foram descritas por Rossi como um fortalecimento da "frente ampla" na capital paulista. "Não gostaria de perder a Marta, claro. Eu gosto dela. Mas o fato é que ela sempre teve uma identidade com a esquerda, o perfil dela sempre foi esse, ela não mudou", acrescentou.
Quando questionado sobre o apoio do MDB a uma eventual candidatura de Lula à reeleição em 2026, Baleia Rossi manteve uma posição de incerteza. "Não está definido. Temos três dos melhores ministros, isso é importante, nos dá uma condição de colaborar com a agenda do país. Se olharmos para as pautas prioritárias do governo, muitas foram encampadas pelo MDB, como a reforma tributária, que é de minha autoria e relatoria do senador Eduardo Braga. A paridade de salários entre homens e mulheres e a poupança jovem ensino médio foram ideias da campanha da Simone Tebet que o presidente Lula assumiu como compromisso após ter o apoio dela", declarou o presidente do MDB.
Esta situação evidencia os desafios enfrentados pelos partidos políticos em manter alianças estratégicas, ao mesmo tempo em que lidam com as manobras internas e as questões ideológicas que moldam o panorama político nacional. O MDB, como uma força significativa no cenário político, encontra-se em uma encruzilhada, ponderando suas alianças e estratégias futuras frente às ações do presidente Lula e às demandas de seu eleitorado e membros partidários.