Entre 2023 e 2024, o Ministério da Saúde incinerou quase R$ 368 milhões em medicamentos e insumos do SUS. O motivo principal foi a perda de validade, resultado direto da má gestão de estoques e falta de planejamento na distribuição. Os prejuízos incluem itens essenciais como anestésicos e bloqueadores neuromusculares, com valores alarmantes: R$ 73 milhões em besilato de atracúrio e R$ 71 milhões em propofol. A justificativa do governo, que aponta para "desafios logísticos", não convence especialistas, que veem negligência e ineficiência na condução dos recursos públicos.
A oposição criticou duramente o episódio, exigindo explicações e maior transparência. Para parlamentares, o montante desperdiçado poderia ter fortalecido o atendimento à população mais vulnerável. A promessa de reembolso parcial pelos fornecedores não ameniza a dimensão do problema, que expõe um sistema atolado em falhas de gestão. Os dados obtidos pela Lei de Acesso à Informação (LAI) revelam ainda um padrão repetitivo, com perdas crescentes ano após ano, aumentando a desconfiança em relação à condução do governo.
Especialistas defendem reformas urgentes na cadeia de suprimentos do SUS. Planejamento eficiente e controle rigoroso são fundamentais para evitar que bilhões de reais continuem indo literalmente para o fogo, enquanto brasileiros enfrentam filas e desassistência. A responsabilidade sobre o uso de recursos públicos não pode ser negligenciada, sob risco de perpetuar o desperdício e a precariedade no sistema de saúde.