Em um movimento que reacende o debate sobre a gestão do dinheiro público no Brasil, a Petrobras anunciou, na noite da última sexta-feira (23 de fevereiro), um investimento histórico em projetos culturais, marcando o retorno de seu patrocínio ao Teatro Rival, agora renomeado Rival Petrobras. A atriz Leandra Leal, em um evento cheio de pompa, comunicou a novidade, celebrando a injeção de R$ 250 milhões no setor cultural. Este patrocínio está disponível para projetos inscritos na Lei Rouanet ou na Lei do Audiovisual, conforme detalhado no site da estatal.
Leandra Leal, enfatizando o papel único do Brasil na produção cultural, declarou: "Ninguém, nem país, produz cultura como o Brasil. Esse é o nosso talento, nosso diferencial que permeia todas as áreas da sociedade, e por isso eu digo, afirmo que a nossa cultura é a nossa maior riqueza". Essa afirmação, embora ressalte a riqueza cultural brasileira, levanta questionamentos sobre a magnitude dos gastos públicos em um único setor, especialmente quando outras áreas críticas clamam por atenção e investimento.
O Teatro Rival, situado na Cinelândia, Rio de Janeiro, e inaugurado em 1934, tem sido um palco histórico para diversas formas de arte, desde o teatro de revista até shows musicais de renomados artistas brasileiros. Após um intervalo sem o apoio da Petrobras, desde 2019 devido a revisões nas políticas de patrocínio da empresa, o teatro recebe novamente o suporte financeiro, agora sob as asas da Lei de Incentivo à Cultura, após um período patrocinado pela Refinaria Refit.
A atriz também aproveitou a ocasião para criticar as supostas tentativas de criminalização dos artistas e de desvalorização da cultura nacional, pontuando o impacto econômico significativo do setor cultural, que representa 3,11% do PIB e gera mais de 7,4 milhões de empregos. Contudo, a ênfase na contribuição econômica da cultura, embora válida, não dissipa as preocupações sobre a eficiência e a pertinência da alocação de vultosos recursos estatais para o patrocínio de projetos culturais, especialmente em um contexto onde a Petrobras tem sido centro de controvérsias relacionadas a gastos e gestão.
Este episódio sublinha a complexa discussão sobre o papel do Estado no financiamento da cultura, confrontando visões sobre a importância da autonomia cultural com a necessidade de uma gestão fiscal prudente e equilibrada dos recursos públicos. Em tempos de escrutínio sobre despesas governamentais e priorização de investimentos, o anúncio do patrocínio da Petrobras ao Teatro Rival Petrobras traz à tona reflexões críticas sobre a direção e as prioridades na utilização do dinheiro do contribuinte no Brasil.