Chefe da diplomacia da UE diz que Otan não é aliança 'à la carte' após ameaça de Trump

Declarações de Trump acendem debate sobre o futuro da aliança militar

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Chefe da diplomacia da UE diz que Otan não é aliança 'à la carte' após ameaça de Trump
O diplomata Josep Borrell chega a reunião do Conselho Europeu em Bruxelas - John Thys - 1º.fev.24/AFP

Em uma recente escalada retórica, o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sinalizou uma possível reviravolta na política de defesa americana em relação aos países membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) que não estejam em dia com suas obrigações financeiras. Durante um comício de campanha, ele ameaçou cessar o suporte aos estados inadimplentes da aliança, gerando preocupações quanto à estabilidade e ao futuro da cooperação militar transatlântica.

Josep Borrell, o Alto Representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, expressou nesta segunda-feira (12) que a integridade da Otan não deve ficar à mercê das flutuações políticas em Washington. "A Otan não pode operar como uma aliança 'à la carte'", afirmou Borrell, sublinhando a importância da constância e da unidade na aliança, independentemente das circunstâncias políticas nos Estados Unidos.

Borrell rejeitou a ideia de uma Otan condicionada ao "humor do presidente dos EUA", e criticou a postura de Trump, que ameaçou redefinir o compromisso americano com a defesa mútua, fundamental para a aliança. "Não vou perder tempo comentando qualquer ideia tola que surja durante esta campanha nos EUA", disse ele, referindo-se às declarações controversas do ex-presidente.

Trump, que se apresenta como possível candidato republicano para retornar à Casa Branca, provocou alvoroço ao sugerir que poderia permitir que a Rússia "faça o que diabos quiser" com os países da Otan que estivessem atrasados em seus pagamentos. Relembrando uma interação com o líder de um membro não especificado da aliança, Trump narrou sua resposta indiferente às preocupações sobre uma potencial agressão russa, condicionando a proteção americana ao cumprimento das obrigações financeiras.

Essas afirmações, feitas durante um evento na Carolina do Sul, destacam um possível ponto de inflexão nas relações dentro da Otan, caso Trump reassuma o poder. Seu discurso reflete uma visão crítica da aliança, que ele já ameaçou abandonar durante seu mandato anterior, por considerar que os Estados Unidos assumiam uma carga financeira desproporcional.

As declarações de Trump não apenas reacendem debates sobre o equilíbrio de contribuições dentro da Otan, mas também levantam questões sobre a coesão e a eficácia da aliança em um contexto de crescente tensão com a Rússia. O tratado da Otan, que estabelece a defesa mútua como princípio central, agora enfrenta incertezas quanto à sua aplicabilidade sob a liderança de um presidente que prioriza as contribuições financeiras sobre a solidariedade estratégica.