Num desdobramento curiosamente irônico, a atriz brasileira Bruna Marquezine, notória por seu apoio a causas de esquerda, celebrou recentemente a obtenção de sua cidadania italiana. Este acontecimento ganha uma dimensão peculiar, considerando-se que a Itália é atualmente governada por Giorgia Meloni, uma líder conservadora cujas políticas ressoam com os princípios de Deus, pátria e família – ideais frequentemente associados ao ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro.
Marquezine, expressando sua alegria, compartilhou a notícia com seus seguidores no Instagram, postando uma foto que exibe seu novo passaporte vermelho. A atriz, com uma pitada de humor, adicionou à legenda: “Siri, toca PER AMORE na voz da Susana Vieira”, demonstrando sua empolgação com a nova conquista.
O processo de aquisição da cidadania italiana por Marquezine remonta a 2018, inspirado por suas raízes familiares. Sua avó, neta de imigrantes italianos, é a matriarca homenageada no sobrenome artístico da atriz. Este momento marca um período de ascensão na carreira de Marquezine, que recentemente debutou em Hollywood com o filme “Besouro Azul”. Com a cidadania italiana, ela agora tem em mãos um dos passaportes mais influentes do mundo, que lhe confere acesso sem necessidade de visto a 194 destinos, incluindo os Estados Unidos, e livre trânsito na União Europeia, conforme apontado pela agência ANSA.
A ironia dessa situação não passa despercebida no contexto político mais amplo. Enquanto Marquezine, uma figura pública alinhada com a esquerda brasileira, celebra um direito concedido por um país governado por uma líder conservadora, reflete-se um paradoxo intrigante. Este cenário destaca as complexidades e, por vezes, as contradições presentes no discurso político contemporâneo.
Por um lado, a aquisição da cidadania italiana por Marquezine simboliza um avanço pessoal e profissional, abrindo portas para oportunidades internacionais. Por outro, projeta um questionamento sutil sobre a consistência e a coerência das posições políticas, especialmente quando personalidades públicas de esquerda encontram-se em harmonia, ainda que indireta, com governos de inclinação conservadora.
Assim, enquanto a atriz se deleita com os benefícios de uma cidadania europeia, este evento convida à reflexão sobre as nuances e as complexidades das ideologias políticas, especialmente num mundo cada vez mais globalizado e interconectado.
