As eleições presidenciais russas, iniciadas nesta sexta-feira (15), estendem-se até o próximo domingo (17), delineando um cenário onde a permanência de Vladimir Putin no poder parece ser uma conclusão antecipada. Este pleito ocorre em um contexto marcado pela guerra na Ucrânia e pela notável ausência de uma oposição legítima, evidenciando um processo eleitoral que muitos observadores internacionais qualificam como viciado.
A inclusão, pela primeira vez, de regiões ucranianas anexadas — Donetsk, Lugansk, Zaporozhye e Kherson — sob a bandeira da Federação Russa neste pleito, levanta sérias questões sobre a legitimidade e a soberania nacional. Apesar da proclamação de integração, o controle incompleto de Moscou sobre essas áreas apenas sublinha a natureza contestada e polêmica desta expansão territorial.
O início antecipado da votação nessas regiões, assim como em zonas remotas do país, revela uma estratégia para consolidar rapidamente os resultados favoráveis ao Kremlin, com mais de 1,5 milhão de cidadãos já tendo depositado seus votos. A adoção de um modelo híbrido de votação, mesclando métodos presenciais e online, introduz uma camada adicional de complexidade e potencial para manipulação nos resultados eleitorais.
Neste ambiente controlado, onde o voto é registrado em cédulas de papel nas zonas eleitorais, aguarda-se a divulgação dos resultados preliminares na manhã de 18 de março. A Comissão Eleitoral Central da Rússia promete começar a anunciar os primeiros dados a partir das 21h (horário de Moscou, 15h de Brasília) do dia da eleição.
Este panorama eleitoral, mais do que qualquer evento político, reflete a consolidação de um regime que, sob a égide de Putin, desvia-se cada vez mais dos princípios democráticos. A situação na Rússia hoje serve como um lembrete sombrio dos riscos que o autoritarismo representa não apenas para a liberdade e soberania de nações independentes, mas também para a integridade do processo democrático em escala global.