Em apenas os primeiros 33 dias de 2024, o Distrito Federal se depara com uma situação alarmante: o registro de 47.417 casos prováveis de dengue, acompanhados de 11 mortes confirmadas pela doença. Esse cenário reflete não apenas a magnitude da epidemia que assola a capital, mas também a pressão insustentável sobre os sistemas de saúde pública e privada, que se encontram sobrecarregados pela demanda crescente.
A equipe de reportagem do Metrópoles, ao visitar diversas unidades de saúde, constatou a angústia dos brasilienses diante da falta de alternativas para atendimento. O caso de Marcos Layonardo Almeida e Claudiana José da Silva, que, após três horas de espera no Hospital Materno Infantil de Brasília (HMIB), retornaram para casa sem conseguir realizar o exame de dengue em sua bebê, Cecília Sophia, é emblemático da crise. A menina, com apenas cinco meses de idade, apresentava febre de 39ºC, sintoma alarmante que não foi suficiente para garantir o atendimento necessário.
As dificuldades se estendem por toda a rede de atendimento. Na UPA de Ceilândia, a espera por atendimento transformou-se em uma jornada exaustiva para Vaneide Batista e sua família, todos apresentando sintomas da doença. O Hospital Regional da Asa Norte (HRAN) e o Hospital de Ceilândia também registraram cenas de superlotação e longas esperas, sublinhando a gravidade da situação.
A rede privada de saúde, igualmente afetada, viu-se obrigada a pedir desculpas publicamente pela demora no atendimento, como ocorreu no Hospital Santa Lúcia da Asa Sul. A alta demanda de pacientes com sintomas de dengue resultou em atrasos significativos para consultas e exames, evidenciando a amplitude do surto.
O impacto da epidemia é corroborado pelos dados mais recentes da Secretaria de Saúde do DF, que apontam para um aumento de 1.120,6% nos casos prováveis de dengue em comparação com o mesmo período de 2023. Entre os infectados, a grande maioria são residentes do DF, com uma pequena parcela proveniente de estados vizinhos.
Diante dessa realidade desoladora, o Distrito Federal mobilizou recursos adicionais, como a inauguração do Hospital de Campanha da Força Aérea Brasileira (FAB) em Ceilândia, com 60 leitos disponíveis para atender pacientes com dengue 24 horas por dia. Essa medida, embora crucial, é apenas uma parte da resposta necessária para enfrentar a epidemia que desafia o sistema de saúde e aflige a população.
As mortes confirmadas e as dezenas de milhares de casos notificados até agora sublinham a urgência de uma ação coordenada e eficaz para controlar a disseminação da dengue. A situação exige não apenas reforço nos serviços de saúde, mas também esforços concentrados em prevenção e educação para mitigar o impacto dessa crise sanitária sem precedentes.