Ex-usuário de drogas relata abuso sexual do padre Júlio Lancellotti em casa paroquial

Entre acusações e investigações, a polêmica que abala a comunidade católica de São Paulo

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Ex-usuário de drogas relata abuso sexual do padre Júlio Lancellotti em casa paroquial
Reprodução

Em um desdobramento chocante que tem reverberado pelas colunas sociais e políticas de São Paulo, um ex-usuário de drogas, mantendo sua identidade sob proteção, revelou ao vereador Rubinho Nunes (União Brasil) supostos abusos sexuais perpetrados pelo padre Júlio Lancellotti. Estes incidentes teriam ocorrido ao longo de dois anos na residência paroquial da Paróquia São Miguel Arcanjo, situada no coração da capital paulista. As alegações vieram à tona na sexta-feira, dia 1º, marcando o início de uma série de eventos que culminaram com o depoimento da vítima na Cúria Metropolitana de São Paulo na segunda-feira subsequente, dia 4. A instituição religiosa confirmou estar ciente das acusações desde essa data.

Com a controvérsia ganhando momentum, os vereadores da Câmara Municipal de São Paulo preparam-se para uma reunião crucial nesta terça-feira, dia 5, com o intuito de avaliar o depoimento completo da vítima. O encontro, previsto para as 14 horas, discutirá a possível instauração de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as ONGs associadas à Cracolândia, entrelaçadas há anos com as atividades do padre Júlio Lancellotti. Diferentemente do habitual, este encontro será conduzido a portas fechadas, longe dos olhos do público e da transmissão pela internet.

Milton Leite (União Brasil), presidente da Câmara, planeja apresentar durante a sessão vídeos comprometedores do sacerdote, que teriam desencadeado a investigação em curso pela Arquidiocese de São Paulo e pelo Ministério Público. Estas gravações, submetidas a duas análises periciais independentes, mostram o religioso em atos impróprios com um menor. Esses documentos visuais jogaram luz sobre a necessidade urgente de revisão e possível ação legal.

A discussão sobre a instalação da CPI das ONGs, inicialmente prevista para depois do Carnaval, ganhou precedência dada a gravidade das acusações contra o padre Lancellotti. Numa reunião anterior, em 6 de fevereiro, os líderes da Casa ressaltaram a importância da denúncia, justificando o adiamento do debate sobre a CPI. Rubinho Nunes, ao levantar o caso, referiu-se ao testemunho de Cristiano Gomes, jornalista de 48 anos, que acusou Lancellotti de assédio sexual em 1987, quando ainda era um coroinha de 11 anos na Paróquia São Miguel Arcanjo, localizada no bairro da Mooca.

As investigações se aprofundam com a realização de novas perícias, que confirmam análises anteriores sobre a autenticidade dos vídeos incriminadores. Essas revelações não apenas reacenderam debates sobre a conduta dentro da esfera religiosa mas também provocaram um exame mais detalhado dos vínculos do padre com as ONGs operando na Cracolândia. À medida que as autoridades avançam com as investigações, a comunidade aguarda ansiosamente por respostas claras e a implementação de medidas corretivas, garantindo que a justiça prevaleça e que tais transgressões não fiquem impunes.