Em um pronunciamento que marca um momento decisivo na escalada de tensões na Faixa de Gaza, o gabinete do Primeiro-Ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, divulgou planos para a "evacuação" da população civil das "zonas de combate", destacando a preparação para uma ofensiva significativa na densamente povoada cidade de Rafah, no sul do território palestino. Esta operação visa desalojar o que foi descrito por Netanyahu como "o último reduto" do movimento Hamas.
O anúncio, feito na noite de domingo (25), horário do Brasil, precede ações militares israelenses aguardadas com grande expectativa. Rafah, lar de aproximadamente 1,4 milhão de civis segundo estimativas da ONU, encontra-se no epicentro dos preparativos para uma ofensiva terrestre que Israel prometeu executar, apesar da crescente pressão internacional e dos esforços em curso para estabelecer uma nova trégua.
No sábado, Netanyahu havia antecipado que convocaria seu gabinete "no começo da semana" para "aprovar os planos operacionais em Rafah", incluindo a mencionada evacuação civil. E, reiterando o compromisso de Israel com a segurança dos não combatentes, declarou à CBS que "há lugar" para os civis se deslocarem "para o norte de Rafah", para áreas já liberadas dos conflitos.
Em meio a este cenário de preparação para a ofensiva, Doha sedia uma nova rodada de negociações, com a presença de delegações do Egito, Qatar, Estados Unidos, Israel e representantes do Hamas, visando um cessar-fogo. Netanyahu, em sua entrevista à CBS, mencionou que qualquer intervenção contra Rafah seria "adiada" mediante um acordo para o cessar-fogo, enfatizando a determinação de Israel em alcançar "a vitória total", a qual considera estar "ao nosso alcance, não há meses de distância, mas a semanas".
Enquanto isso, a situação humanitária em Gaza se agrava, com a ONU alertando que 2,2 milhões de pessoas enfrentam o risco de "fome extrema em massa". A entrada de ajuda humanitária é dificultada pelo controle de Israel sobre o posto de Rafah, exacerbando as condições já precárias da população.
Relatos da AFP evidenciam o desespero daqueles que fogem dos bombardeios, buscando refúgio em outras partes do território. A guerra, que se iniciou em 7 de outubro com ataques por milicianos islâmicos que resultaram em numerosas vítimas civis, viu uma resposta militar israelense intensa, com um saldo de 29.692 mortos em Gaza, a maioria civis, conforme dados do Ministério da Saúde palestino.
Diante deste cenário desolador, Filipe Lazzarini, comissário-geral da agência da ONU para os refugiados palestinos (UNRWA), destaca a urgência de uma "ajuda significativa" para evitar a fome em Gaza, ressaltando a dependência dessa população da intervenção humanitária internacional.