A apreensão de 26 fuzis em apenas dois meses em terras indígenas no sul da Bahia expõe a escalada do crime organizado na região.
Facções utilizam territórios como rota para abastecer o tráfico em polos turísticos como Porto Seguro e Trancoso, e há denúncias de aliciamento de jovens indígenas. Apesar da gravidade, Ministério da Justiça, Polícia Federal e governo da Bahia preferiram o silêncio.
As comunidades locais relatam que vivem sob a pressão de três frentes: o narcotráfico, milícias rurais e o agronegócio.
O assassinato da liderança indígena Nega Pataxó, em 2024, durante ação do grupo Invasão Zero, é prova da violência crescente. A perícia apontou arma de fazendeiros como responsável pelo disparo, mas o caso foi tratado como “fatalidade” pelos envolvidos.
Enquanto fuzis de até R$ 85 mil circulam na região, indígenas denunciam ataques constantes e prisões arbitrárias. Líderes acusam o Estado de usar a suspeita de envolvimento com facções como justificativa para sufocar reivindicações territoriais.
Com a omissão das autoridades, cresce o temor de que o sul da Bahia se torne laboratório de cooperação entre narcotráfico e grupos paramilitares.