Ao analisar o primeiro ano do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, emerge um panorama de decisões questionáveis e uma aparente negligência em relação a importantes regiões do Brasil. Em 2023, Lula demonstrou uma preferência pelas viagens internacionais em detrimento de visitas a diversos estados brasileiros, incluindo Minas Gerais – um estado crucial para a sua vitória nas eleições de 2022 e atualmente governado por Romeu Zema (Novo), um potencial rival político.
Minas Gerais, com sua população de 20 milhões e sendo o segundo maior colégio eleitoral do país, reflete uma tendência nacional nas eleições. Curiosamente, este estado, que alternou seu apoio entre Jair Bolsonaro (PL) em 2018 e Lula em 2022, foi notavelmente excluído das viagens presidenciais em 2023. A ausência do presidente Lula em Minas Gerais e em outros sete estados brasileiros – Acre, Alagoas, Goiás, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Santa Catarina e Tocantins – levanta questões sobre suas prioridades e a efetiva abrangência de sua gestão.
Essa omissão gerou insatisfação entre correligionários e outras figuras políticas, como o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que ressaltou a importância de Minas Gerais na eleição de Lula. Pacheco, visando fortalecer sua posição política em detrimento de Romeu Zema, pressionou por uma presença mais marcante do presidente no estado. Contrastando com essa realidade, o Lula de 2003, em apenas 11 dias de mandato, já havia visitado o Vale do Jequitinhonha (MG) com uma comitiva de 30 ministros, destacando a diferença em sua abordagem política ao longo dos anos.
Internacionalmente, o presidente realizou 15 viagens, abarcando 24 países. A despeito de sua presença marcante em fóruns como o G20, Brics e COP28, a preferência por agendas internacionais em detrimento de compromissos nacionais suscita críticas. Esta ênfase em reconstruir o prestígio internacional do Brasil, conforme alegado pela deputada Camila Jara (PT-MS), tem sido questionada quanto à sua eficácia e relevância para os desafios internos do país.
No âmbito interno, Lula proclamou a reconstrução de pontes e a criação de um novo pacto federativo, buscando interações com líderes de diferentes espectros políticos. No entanto, essas ações parecem contrastar com a realidade de suas escolhas de viagens e prioridades. O presidente destacou-se por visitar repetidas vezes Rio de Janeiro, São Paulo e Bahia, estados com forte influência política, enquanto negligenciava outros territórios significativos.
A gestão Lula alega que não faz distinção entre governos estaduais de diferentes partidos políticos. Contudo, suas ações e escolhas ao longo de 2023 sugerem o contrário, levantando dúvidas sobre o compromisso real do presidente com a unidade e o desenvolvimento equânime do país. O foco em reconstruir programas e ações do governo, negligenciados na gestão anterior, e o estabelecimento de um diálogo democrático com governos estaduais e municipais, permanecem como tópicos a serem avaliados criticamente.
Neste contexto, o ano de 2023 para o presidente Lula foi marcado por uma série de escolhas questionáveis, onde as prioridades internacionais parecem ter ofuscado a atenção necessária aos desafios e necessidades internas do Brasil.
Este é Lula em 2023