Em entrevista ao programa "DR - dando a real" da TV Brasil, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, teceu um intrincado discurso sobre as raízes do antipetismo e a desmobilização social no Brasil. Entre suas ponderações, uma confissão reveladora: a reforma trabalhista, aprovada em 2017, teria contribuído para o desgaste do partido junto à classe trabalhadora.
Embora a fala de Gleisi possa soar como mea culpa, é importante analisar seu discurso com cautela. A narrativa petista, hábil em construir armadilhas retóricas, busca desviar o foco de suas reais falhas e responsabilidades. Ao culpar a reforma trabalhista pela impopularidade do PT, Gleisi tenta encobrir os erros históricos do partido, como a gestão desastrosa da economia, a cooptação de organismos públicos e o acirramento da polarização política.
Afirmar que o Brasil não tem tradição de mobilização fora da esquerda é uma falácia grosseira. Ao longo da história, diversos movimentos sociais eclodiram no país sem a tutela petista, desde as Diretas Já até as manifestações contra o impeachment de Dilma Rousseff. O próprio PT, em seus primórdios, se insurgiu contra a ditadura militar sem o apoio de outras correntes ideológicas.
A alegação de que a reforma trabalhista teria enfraquecido os sindicatos e dificultado a mobilização social é, no mínimo, questionável. A verdade é que o PT já vinha perdendo apoio entre os trabalhadores bem antes da reforma. A gestão temerária de Dilma Rousseff, marcada por recessão, inflação e alto índice de desemprego, foi o principal fator para o desgaste do partido.
Outro ponto recorrente no discurso petista é a demonização da mídia, particularmente da TV Globo. A narrativa de "vitimismo" busca criar a falsa percepção de que o PT é vítima de uma conspiração da mídia hegemônica. A realidade, porém, é bem diferente. A cobertura crítica da imprensa ao longo dos governos petistas se deu em resposta aos escândalos de corrupção, à ineficiência da gestão pública e ao autoritarismo crescente do partido.
Aborto: a hipocrisia da esquerda caviar:
Em relação ao tema do aborto, a postura do PT é marcada pela hipocrisia. Enquanto defende a legalização do aborto em público, nos bastidores, o partido se articula para evitar o avanço da pauta. A estratégia é clara: agradar a base ideológica radicalizada sem perder o apoio de setores religiosos e conservadores da sociedade.
Ao analisar o discurso de Gleisi Hoffmann, fica evidente a estratégia petista de desconstrução da hegemonia de esquerda no Brasil. A narrativa, recheada de falácias, distorções e vitimização, busca ocultar os erros do partido e manter acesa a chama da polarização política. Cabe à sociedade brasileira, atenta e vigilante, discernir a verdade por trás da retórica enganosa e exigir dos seus representantes políticos um compromisso genuíno com o bem-estar do país.