O governo Lula, temendo um fracasso de público, orientou seus ministros a se afastarem do ato "Sem Anistia", convocado por Guilherme Boulos (PSOL-SP) para este domingo (30) na Avenida Paulista. A manifestação, que busca pressionar contra a anistia de condenados pelos eventos de 8 de janeiro, é vista pelo Planalto como um risco de desgaste para o presidente. A preocupação principal é evitar que um possível fracasso seja associado diretamente a Lula.
Nos bastidores, a estratégia de distanciamento se intensificou entre aliados do governo. Nomes como Gleisi Hoffmann (PT) e Alexandre Padilha (PT) preferiram não associar-se ao evento, receosos de que a baixa adesão reforce a perda de apelo popular da esquerda. A leitura no Planalto é de que um ato esvaziado fortaleceria a oposição, que recentemente demonstrou força nas ruas com a manifestação de Jair Bolsonaro (PL) em Copacabana.
Boulos, que tenta projetar sua candidatura à Prefeitura de São Paulo, se viu obrigado a aumentar o tom contra Bolsonaro para tentar impulsionar a adesão ao evento. O ex-presidente, por sua vez, ironizou a mobilização e destacou a falta de apoio popular. A comparação inevitável entre as mobilizações reforça o temor de que a esquerda não tenha mais o respaldo popular necessário para manter sua influência nas ruas.