A mobilização política nas ruas de São Paulo, impulsionada pela campanha de Guilherme Boulos, revela um abismo entre discurso e prática. Com mais de R$ 6 milhões gastos em “atividades de militância e mobilização de rua”, fica evidente que a retórica de luta popular e voluntária dá lugar a uma estratégia paga e organizada, minando o discurso de autenticidade que tantos tentam promover. A contratação massiva de cabos eleitorais pelo PSOL e PT, partidos que sempre exaltaram a militância orgânica, contrasta com a ideia de movimentos populares genuínos.
Esses gastos exorbitantes, aliados à contratação de militantes remunerados, levantam questões sobre a coerência da campanha e o verdadeiro envolvimento da população. A justificativa de Boulos, que fala em "motivação e verdade", soa vazia quando confrontada com os números milionários investidos para garantir uma presença nas ruas. Enquanto isso, a narrativa de espontaneidade desmorona, expondo a fragilidade de quem, em teoria, se opõe ao uso de grandes recursos financeiros na política.
Por outro lado, a estratégia digital do candidato revela outra faceta da campanha, que já ultrapassa R$ 7 milhões em impulsionamento de conteúdos. A soma desses valores levanta questionamentos sobre o que realmente está em jogo: o genuíno desejo de transformação ou a manutenção de velhos hábitos políticos disfarçados por um verniz de "novidade"?