A recente troca de farpas entre a presidente do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), e o presidente da Suzano Papel e Celulose, Walter Schalka, destaca um episódio de hipocrisia e incoerência na política brasileira. As críticas de Schalka ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e ao programa de subsídios do governo federal foram recebidas com indignação e acusações de desfaçatez pela líder petista.
Em um tom repreensivo, Gleisi Hoffmann expressou seu desdém no X (ex-Twitter), criticando Schalka por atacar o BNDES e os subsídios governamentais, apesar de sua empresa ter sido uma das maiores beneficiárias de créditos do banco. "É muita cara de pau!", exclamou a petista, expondo a contradição na postura do presidente da Suzano.
O cerne da questão reside na entrevista de Walter Schalka ao Globo, onde criticou o programa Nova Indústria Brasil, anunciado pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), destinando R$ 300 bilhões ao fomento industrial. Schalka, com uma visão aparentemente amadurecida sobre a economia brasileira, afirmou que as empresas devem ser independentes de apoios governamentais, contradizendo assim sua própria trajetória empresarial.
Este empresário, que anteriormente manifestou apoio velado à candidatura de Lula contra Jair Bolsonaro (PL), ao assinar a chamada carta em defesa da democracia, parece agora revelar uma postura oportunista. As palavras de Schalka em julho de 2022, sobre a necessidade de pacificação e reunificação, contrastam com sua crítica atual, sugerindo um jogo de interesses e uma tentativa de manipulação da opinião pública.
A resposta do presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, ao mesmo jornal, aumenta a gravidade da situação. Mercadante destaca o extensivo crédito recebido pela Suzano, um total de R$ 15,273 bilhões, incluindo subsídios significativos. Esta revelação põe em xeque a integridade das críticas de Schalka e expõe uma desconexão alarmante com a realidade econômica e histórica da empresa.
O episódio Suzano ilustra um problema mais profundo na política brasileira: a incoerência e o oportunismo que permeiam certos setores empresariais e partidos como o PT. Ao mesmo tempo que se posicionam como defensores da democracia e da economia independente, suas ações e palavras desmentem suas verdadeiras intenções. Este caso serve como um lembrete do cuidado necessário ao interpretar declarações políticas e empresariais, especialmente quando as ações passadas contradizem as palavras presentes.