Alvo de denúncia da Procuradoria-Geral da República por desvio de emendas parlamentares, Juscelino Filho resolveu abandonar o Ministério das Comunicações. A saída foi negociada como quem troca figurinhas num almoço entre a ministra Gleisi Hoffmann e caciques do União Brasil, que já haviam antecipado a queda iminente. No prato principal, o recado foi claro: era melhor sair por vontade própria do que ser defenestrado pelo Planalto.
O encontro ocorreu na casa do presidente do partido, Antonio Rueda, onde os líderes decidiram empurrar Juscelino para fora com o discurso de que a demissão seria uma forma de “preservá-lo”. Preservar quem, exatamente? Um ministro denunciado por desvio de verba pública? A operação não passa de mais uma tentativa de maquiar a crise instalada entre o governo e seus aliados.
Lula, mais uma vez, lava as mãos e transfere para terceiros o desgaste político de seus escolhidos. A possível nomeação de outro deputado do União Brasil revela que a prioridade segue sendo a manutenção de alianças fisiológicas, mesmo sob o peso de denúncias. O jogo continua o mesmo: troca-se o peão, preserva-se o tabuleiro sujo.
