Kwai sob investigação: MPF apura disseminação de conteúdo falso e perturbador

Plataforma chinesa de vídeos enfrenta acusações de promover material inapropriado e desinformação

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Kwai sob investigação: MPF apura disseminação de conteúdo falso e perturbador
Reprodução

O Ministério Público Federal (MPF) em São Paulo iniciou uma rigorosa investigação contra o Kwai, uma conhecida plataforma chinesa de compartilhamento de vídeos. As suspeitas que pesam sobre a rede social incluem a promoção e disseminação de conteúdos falsos e perturbadores, numa aparente estratégia para ampliar sua audiência e base de usuários. Essa ação do MPF foi impulsionada por uma denúncia recebida pelo órgão, a qual aponta para práticas alarmantes na rede social, especialmente na exibição de vídeos com cenas chocantes de acidentes graves e agressões brutais.

O procurador regional dos Direitos do Cidadão Adjunto em São Paulo, Yuri Corrêa da Luz, destacou a natureza preocupante dos conteúdos veiculados pelo Kwai: “Boa parte de sua audiência, no entanto, vem de material perturbador […] mostrando, por exemplo, cenas de acidentes de trânsito (em alguns casos, com exposição do cadáver) e agressões brutais a mulheres”.

A investigação também se debruça sobre alegações de que o Kwai teria contratado agências para criar vídeos com informações inverídicas relacionadas a temas sensíveis como vacinação, COVID-19 e as eleições de 2022. Essas práticas foram supostamente confirmadas por funcionários da empresa. Um trecho da denúncia realça a incoerência entre as declarações públicas do Kwai e as orientações internas durante o período eleitoral: “Os moderadores (funcionários da empresa) eram pressionados a manter os conteúdos no ar em nome da audiência”.

Além disso, o MPF está averiguando a presença de perfis falsos de autoridades governamentais e celebridades na plataforma, bem como a difusão de conteúdo protegido por direitos autorais, como transmissões de jogos da Copa do Mundo. Há suspeitas de que perfis falsos estejam se passando pelo Senado Federal e pelo Tribunal de Justiça de São Paulo, entidades que não mantêm presença oficial no Kwai.

Com uma base de usuários global que ultrapassa 640 milhões, dos quais 49 milhões estão no Brasil, o Kwai se destaca por permitir a publicação de vídeos curtos, ocupando um espaço intermediário entre o TikTok e o Facebook. A plataforma é administrada pela Joyo Tecnologia Brasil Ltda, uma empresa sediada em São Paulo, especializada na importação de conteúdos de internet, fundada em dezembro de 2020.

Este caso coloca em evidência os desafios enfrentados pelas autoridades na regulação de conteúdos em plataformas digitais, especialmente quando há indícios de práticas que ferem a ética e disseminam desinformação. A investigação do MPF contra o Kwai é um passo importante na busca por maior transparência e responsabilidade nas redes sociais, visando proteger os usuários de conteúdos nocivos e falsos.