As despesas diretas enfrentadas pelas empresas brasileiras com segurança patrimonial e seguros, sem mencionar as perdas por roubos de produtos e equipamentos, são expressivas. De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o montante anual chega a R$ 171 bilhões, representando 1,7% do Produto Interno Bruto (PIB) de 2022. Essa cifra, contudo, é apenas a ponta do iceberg quando se considera a amplitude dos prejuízos causados pela violência.
A problemática se estende a custos intangíveis, impactando negativamente tanto as corporações quanto a economia brasileira em seu conjunto. As consequências vão desde a necessidade de substituição e treinamento de trabalhadores vitimados por homicídios até o desencorajamento de investimentos em áreas marcadas pela criminalidade, o que pode induzir à desindustrialização de certas regiões e à desvalorização de imóveis.
"A violência gera uma perda dupla: além dos prejuízos diretos por subtração, há a depreciação de ativos. Em áreas com altos índices de criminalidade, o valor de um imóvel pode ser até 30% inferior ao de outro com características similares em regiões mais seguras", explica o economista Daniel Cerqueira, pesquisador do Ipea.
Além disso, o futuro do mercado de trabalho pode ser comprometido pela falha na formação educacional de jovens, que enfrentam obstáculos para frequentar a escola em ambientes violentos. A insegurança também desestimula o turismo, prejudicando restaurantes e o setor de serviços devido à redução de receitas.
Um estudo detalhado sobre as múltiplas dimensões do impacto da violência ainda não foi realizado no Brasil. No entanto, pesquisas pontuais e análises acadêmicas estimam que os custos associados aos homicídios podem atingir 2,3% do PIB, equivalendo a aproximadamente R$ 252 bilhões ao ano.
A cidade do Rio de Janeiro exemplifica dramaticamente os efeitos da violência, afetando desde a qualidade do ensino até o potencial turístico. "A violência cria uma armadilha de pobreza, afetando a todos. É difícil encontrar uma cidade mais impactada do que o Rio, desde o aprendizado dos jovens até a atração de turistas", observa a economista Joana Monteiro, da Fundação Getulio Vargas.
A Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro aponta para uma diminuição nos crimes contra a vida e o patrimônio, resultado de investimentos significativos em tecnologia, inteligência e treinamento policial.
No entanto, a violência segue como um desafio para a competitividade e a atração de investimentos, especialmente em áreas estratégicas, mas marcadas pela criminalidade. A situação do Arco Metropolitano do Rio de Janeiro ilustra como a insegurança pode frear o desenvolvimento, afetando a localização de empresas e a dinâmica econômica local.
Essa realidade impõe a necessidade de políticas públicas eficazes para combater a violência e promover um ambiente seguro, essencial para o crescimento econômico e o bem-estar social no Brasil.