A segunda-feira (22) marcou um fechamento desafiador para o mercado brasileiro de milho, com os preços futuros do cereal registrando quedas na Bolsa Brasileira (B3). As principais cotações oscilaram entre R$ 63,02 e R$ 64,68, evidenciando retrações que chegaram a 1,1%.
Especificamente, o vencimento de março/24 foi cotado a R$ 64,68, sofrendo uma desvalorização de 1,10%. O maio/24 fechou a R$ 64,47, com queda de 0,97%, enquanto julho/24 e setembro/24 foram negociados a R$ 64,24 (baixa de 0,88%) e R$ 63,02 (perda de 0,47%), respectivamente.
Vlamir Brandalizze, Analista de Mercado da Brandalizze Consulting, analisa que a pressão sobre o mercado de milho nacional é resultado de dois fatores principais: a iminente aceleração da colheita da primeira safra de cereal, prevista para intensificar-se em cerca de duas semanas, e a redução nos embarques para exportação. “Quem precisava fazer navios agora para janeiro e fevereiro já fez. Então agora só querem milho de agosto em diante e isso pressiona a B3”, explica Brandalizze.
Até a terceira semana de janeiro de 2024, o Brasil exportou 3.707.294,3 toneladas de milho não moído (exceto milho doce), conforme dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). Este volume representa 60,42% do total exportado no mesmo mês do ano anterior, que foi de 6.134.944,6 toneladas.
A média diária de embarques nos primeiros 14 dias úteis de janeiro ficou em 264,799 toneladas, uma baixa de 5% em relação à média diária de 278.861,1 toneladas registradas nos 22 dias úteis de janeiro do ano passado.
No cenário do mercado físico brasileiro, o início da semana também trouxe um recuo no preço da saca de milho. Conforme levantamento do Notícias Agrícolas, a única valorização observada ocorreu em São Gabriel do Oeste/MS, enquanto desvalorizações foram notadas em diversas praças, incluindo Castro/PR, Rondonópolis/MT, Primavera do Leste/MT, Alto Garças/MT, Itiquira/MT, Sorriso/MT, Brasília/DF, Luís Eduardo Magalhães/BA, Cândido Mota/SP, Itapetininga/SP, Campinas/SP e Porto de Santos/SP.
Reforçando esta tendência, o Cepea divulgou em sua nota semanal que a queda nos preços do milho se intensificou nos últimos dias. O Indicador ESALQ/BM&FBovespa (Campinas – SP) retornou aos patamares observados em dezembro. “A pressão vem da menor demanda e da flexibilidade de parte dos vendedores. De modo geral, os negócios continuam lentos. Consumidores aguardam novas desvalorizações do cereal no curto prazo, fundamentados no avanço da colheita da safra verão, que deve aumentar a disponibilidade sobretudo no Sul do País. Além disso, a colheita de soja ganhando ritmo tende a elevar a necessidade de liberação dos armazéns”, apontam os pesquisadores do Cepea.
Este cenário retrata o dinamismo e os desafios do mercado agrícola, onde fatores como colheita, demanda e exportação interagem continuamente, influenciando diretamente os preços e a economia do setor.