O ministro Alexandre de Moraes não perdeu tempo em capitalizar politicamente a retirada das sanções internacionais e foi além da formalidade esperada para o cargo. Em declaração pública, agradeceu o “empenho” do presidente Lula e afirmou que “a verdade venceu hoje”, numa fala que soou mais como propaganda pessoal do que como posicionamento institucional compatível com a liturgia do Supremo.
O episódio ganhou contornos ainda mais delicados quando o próprio Moraes revelou ter pedido a Lula, em julho, que “não reagisse publicamente” ao caso. A afirmação escancara uma coordenação prévia entre Judiciário e Executivo, algo que causa desconforto em qualquer análise séria sobre separação de Poderes e independência institucional.
Soa contraditório falar em “vitória da democracia” enquanto decisões monocráticas seguem atingindo mandatos parlamentares legitimados pelo voto popular. O discurso triunfal, longe de pacificar, reforça a percepção de um Supremo cada vez mais personalista, disposto a agir politicamente e a celebrar vitórias próprias, mesmo sob críticas crescentes de juristas, parlamentares e da sociedade.
