Moraes eleva vigília pacífica ao patamar de ataque institucional

Ministro recorre a narrativa de 8 de janeiro para justificar nova medida extrema contra Bolsonaro

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Moraes eleva vigília pacífica ao patamar de ataque institucional
Marcos Corrêa/PR

A decisão que embasou a prisão preventiva do ex-presidente Jair Bolsonaro revela até onde o ministro Alexandre de Moraes está disposto a ir. Ele comparou a simples vigília convocada por Flávio Bolsonaro ao episódio de 8 de janeiro, alegando que um encontro pacífico diante do condomínio teria “potencial” para provocar tumultos. Prints do vídeo do senador foram anexados ao processo como prova de uma suposta tentativa de gerar instabilidade.

Para Moraes, a presença de apoiadores poderia criar obstáculos à atuação da Polícia Federal e até colocar moradores em risco. O ministro tratou a convocação pública como “reedição do modus operandi observado no 8 de janeiro”, descrevendo a vigília como ato destinado a intimidar decisões judiciais — interpretação considerada desproporcional por diversos juristas que veem abuso no enquadramento.

A narrativa apresentada na decisão amplia o alcance da medida extrema, que deixa de se limitar ao episódio da tornozeleira e passa a incluir o efeito político da vigília. Segundo Moraes, manifestações de apoio ao ex-presidente configurariam “risco concreto de obstrução da Justiça”, justificando sua ordem. O movimento reforça a escalada de poder concentrado no Judiciário e acende novo alerta sobre o uso de comparações exageradas para restringir atos pacíficos de cidadãos.