O ministro Alexandre de Moraes determinou sigilo absoluto sobre os vídeos da delação de Mauro Cid, restringindo o acesso ao Ministério Público e às defesas dos denunciados. A justificativa oficial é a proteção dos envolvidos, mas a decisão ocorre justamente após a revelação de que Cid teria alterado sua versão dos fatos em audiência com Moraes, sob ameaça de prisão e revogação de sua colaboração premiada. O sigilo levanta suspeitas sobre a condução do processo e o uso seletivo de informações.
A delação de Cid é peça central na denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Jair Bolsonaro e outros 33 investigados. Moraes, que inicialmente mantinha a colaboração sob sigilo total, agora afirma que a restrição não é mais necessária para preservar o delator ou garantir o andamento das investigações. No entanto, mantém as gravações inacessíveis ao público, impedindo qualquer escrutínio independente sobre o conteúdo dos depoimentos.
No mesmo despacho, Moraes notificou as defesas dos denunciados para se manifestarem sobre a denúncia da PGR no prazo de 15 dias. Caso a Primeira Turma do STF aceite a denúncia, os investigados se tornarão réus. A decisão de Moraes reforça a impressão de um processo conduzido a portas fechadas, sem transparência, e que pode ser moldado conforme interesses pré-determinados.