O inquérito civil que visava investigar o ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres, por sua possível contribuição para as depredações ocorridas em 8 de janeiro do ano passado em Brasília, foi arquivado pelo Ministério Público Federal (MPF). Torres, que permaneceu detido por quatro meses e ainda utiliza tornozeleira eletrônica, recebeu a notícia como um alívio em meio às acusações.
O procurador responsável pelo caso, Carlos Henrique Martins Lima, liderou a análise das evidências e concluiu que não houve intenção deliberada por parte do ex-ministro. "Embora seja possível apontar alguma falha no serviço de inteligência dos órgãos de segurança pública, não se verifica, em relação a Anderson Torres, uma conduta intencional de facilitar os atos criminosos", afirmou o procurador.
Carlos Henrique ressaltou que informações anteriores à invasão indicavam uma "baixa adesão ao movimento" e que houve uma "repentina mudança no perfil dos participantes". Ele argumentou que Torres não tinha meios suficientes para evitar as graves consequências das invasões, destacando que o ex-secretário de segurança pública tentou promover a segurança no Distrito Federal.
Durante a apuração do MPF, diligências foram realizadas, testemunhas foram ouvidas, gravações de câmeras de segurança foram analisadas e documentos oficiais de órgãos de segurança foram anexados. O procurador salientou que não há elementos que indiquem que Anderson Torres tinha a intenção de permitir depredações nos prédios públicos.
Mensagens encontradas no celular de Anderson também foram consideradas no arquivamento do inquérito. Em uma delas, mesmo estando no exterior, o ex-ministro instruiu a Polícia Militar a não permitir que os manifestantes entrassem na sede do STF. A defesa de Anderson Torres comemorou a decisão do MPF como uma importante vitória na Justiça, destacando a independência funcional e o alto nível técnico do órgão.
É importante notar que, apesar do arquivamento do inquérito civil, Anderson Torres ainda enfrenta uma investigação no âmbito criminal, a qual está em andamento no Supremo Tribunal Federal sob a relatoria de Alexandre de Moraes.