Na Guiana, Lula volta a chamar ação de Israel em Gaza de genocídio

A postura do governo brasileiro no cenário internacional suscita debates acalorados sobre ética e responsabilidade

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Na Guiana, Lula volta a chamar ação de Israel em Gaza de genocídio
Ricardo Stuckert/AFP/JC

No cenário geopolítico atual, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reacendeu controvérsias com suas declarações no encontro de líderes do Caribe em Georgetown, Guiana. Ao qualificar as ações de Israel na Faixa de Gaza como genocídio, Lula provocou não apenas uma crise diplomática com Israel, mas também expôs a fragilidade de sua retórica política, marcada por comparações históricas questionáveis e uma visão unilateral dos conflitos internacionais.

Durante o encontro da Caricom (Comunidade do Caribe), o presidente brasileiro criticou veementemente os investimentos militares em detrimento de ações contra a fome global, citando especificamente a Palestina, África, América do Sul e Caribe. A comparação das ações militares de Israel com o Holocausto, feita por Lula durante uma reunião na sede da União Africana na Etiópia, foi particularmente alarmante. Ao evocar a memória de um dos períodos mais sombrios da história humana, Lula não apenas distorceu os fatos, mas também minimizou o sofrimento vivido pelo povo judeu sob o regime nazista.

A reação de Israel foi imediata, com o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu acusando Lula de cruzar uma "linha vermelha". As tensões escalaram rapidamente, levando a um confronto diplomático que culminou com a declaração do embaixador brasileiro em Israel, Frederico Meyer, como "persona non grata" e sua subsequente convocação de volta ao Brasil.

Apesar das turbulências, Lula manteve sua postura, negando ter usado a palavra "holocausto" em sua fala, apesar das claras implicações de sua comparação. Esse jogo de palavras fez pouco para acalmar as águas, deixando a diplomacia brasileira em uma posição delicada.

Além disso, Lula aproveitou a ocasião para comentar sobre a Guerra da Ucrânia, criticando os gastos globais com armamentos e destacando os efeitos colaterais da invasão russa sobre o preço dos alimentos e fertilizantes. Sua tentativa de se posicionar como um defensor da paz global, contudo, sofre pela incongruência com suas declarações anteriores e a simplificação de conflitos complexos.

No âmbito regional, Lula enfatizou a importância da paz no Caribe, numa alusão à disputa territorial entre a Guiana e a Venezuela. Ainda que louvável, essa postura parece contradizer a flexibilidade ética demonstrada em suas interações com outros países e conflitos.

A figura de Lula como mediador e voz da razão, elogiada pelo presidente da Guiana, Irfaan Ali, contrasta profundamente com a imagem projetada por suas declarações polêmicas e ações diplomáticas. A inauguração de um centro de formação para jovens haitianos, embora uma iniciativa positiva, não pode ofuscar a necessidade de uma diplomacia mais coerente e responsável.

As recentes ações de Lula no cenário internacional levantam questões críticas sobre a direção da política externa brasileira, marcada por uma retórica muitas vezes desconectada das realidades geopolíticas e históricas. Em meio a desafios globais sem precedentes, o Brasil necessita de uma liderança que não apenas aspire à paz e ao desenvolvimento, mas que também navegue o complexo tabuleiro internacional com sabedoria, respeito pela história e comprometimento com a verdade.