Nayib Bukele, presidente de El Salvador, cuja gestão é marcada por uma postura firme e decisiva, tem despertado atenção internacional. Com uma aprovação popular que atinge o patamar de 90%, ele responde aos críticos de seu modelo de governança - por vezes classificado como autoritário - com uma autoironia peculiar, autoproclamando-se “o ditador mais legal do mundo”. Sua popularidade se deve, em grande parte, à eficácia no combate à violência e às gangues, que por três décadas assolaram o país, culminando em uma taxa de homicídios alarmante em 2015: 107 para cada 100 mil habitantes.
A estratégia de segurança adotada por Bukele, inspiradora de políticas similares em outras nações, como as anunciadas recentemente no Equador por Daniel Noboa, envolve medidas drásticas. O destaque fica por conta da construção do Centro de Confinamento do Terrorismo, uma megaprisão de segurança máxima que, segundo o presidente salvadorenho, é a maior do mundo, albergando mais de 100 detentos por cela, em condições extremamente rigorosas.
Os resultados dessas políticas são incontestáveis: a taxa de homicídios em El Salvador caiu para 2,3 por 100 mil habitantes em 2023. Entretanto, essa queda significativa veio acompanhada de um controle rígido sobre as instituições governamentais e uma flexibilização dos padrões democráticos. Desde 2022, o país vive sob estado de exceção, medida já renovada por 11 vezes, levando à prisão cerca de 70 mil suspeitos de vínculos com gangues, além da destituição de figuras-chave no sistema de justiça do país, substituídas por aliados de Bukele.
Tais ações geraram críticas de organizações internacionais, como a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, principalmente pelo encarceramento em massa sem o devido processo legal, condições precárias nas prisões e abusos contra os detentos. Contudo, para muitos salvadorenhos, a abordagem de Bukele representa uma luz no fim do túnel, um sacrifício necessário pela segurança e estabilidade.
Bukele responde com desdém às críticas de que transformou o país num Estado policial:
"De que lado eles estão? Das pessoas honestas ou dos criminosos?”
Em meio a controvérsias, Bukele se encaminha para uma provável reeleição em fevereiro, apesar de questionamentos sobre a constitucionalidade de um segundo mandato consecutivo. A manobra legal que permitiu sua candidatura, uma renúncia seis meses antes do pleito, conforme decisão do Tribunal Constitucional, reflete sua habilidade política e o domínio sobre o aparato estatal.
No cerne de sua campanha, Bukele utiliza o lema “vote em mim ou os gangsteres serão libertados”, propagando não apenas seu modelo de governança para El Salvador, mas também como uma solução viável para outras nações atormentadas pela criminalidade. Seu governo, embora controverso, emerge como um estudo de caso sobre o equilíbrio entre autoridade e liberdade, desafiando paradigmas e redefinindo o conceito de segurança nacional no século XXI.