O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), expressou seu descontentamento com a decisão de Marta Suplicy de deixar a administração municipal para se tornar vice na chapa de Guilherme Boulos (PSOL), pré-candidato à prefeitura. O psolista será o principal concorrente de Nunes, que buscará a reeleição.
"Estou muito chateado. Minha esposa até chorou. Não estávamos esperando por isso. Trabalhamos juntos por três anos, construindo uma relação próxima. Todas as estratégias foram sempre transparentes e discutidas abertamente. Não seria honesto se eu não dissesse que estou muito chateado", declarou o prefeito em entrevista ao UOL nesta quarta-feira.
Marta liderou a Secretaria de Relações Internacionais na gestão Nunes por três anos, mas foi exonerada do cargo no início de janeiro, após ser cogitada como vice de Boulos na disputa pela prefeitura de São Paulo neste ano. A articulação foi realizada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e é vista como uma tentativa de reposicionar a candidatura para o centro na capital paulista.
Apesar de ter sido filiada ao PT, partido pelo qual se tornou prefeita da capital em 2000, Marta votou a favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e ocupou um cargo no primeiro escalão de uma administração mais à direita por indicação do ex-prefeito Bruno Covas (PSDB). O rompimento com Nunes ocorreu quando o prefeito soube de um encontro entre Marta e Lula, percebido por ele como uma "quebra de confiança".
Marta foi prefeita de São Paulo entre 2001 e 2004, filiando-se ao PT por 33 anos, até 2015. Pela mesma sigla, ela também foi eleita senadora e deputada federal, além de ter ocupado os cargos de ministra do Turismo no segundo mandato de Lula e da Cultura no primeiro mandato de Dilma.
Logo após deixar o governo, Marta divulgou uma carta à imprensa mencionando um "pedido de demissão em comum acordo", agradecendo a Nunes pelo período em que fez parte da equipe do prefeito, mas ressaltando que o cenário político da cidade "indica uma nova conjuntura".