O deputado Otoni de Paula (MDB-RJ), antes um dos mais fervorosos críticos do governo, surpreendeu ao não assinar o pedido de impeachment contra Lula, que já conta com 117 adesões na Câmara, incluindo parlamentares de partidos governistas. A decisão gerou desconfiança entre aliados, que veem no gesto um sinal de alinhamento com o Planalto. A mudança de postura chama ainda mais atenção por seu histórico de proximidade com Jair Bolsonaro e forte atuação junto às lideranças evangélicas.
A iniciativa, liderada pelo deputado Rodolfo Nogueira (PL), tem apoio de siglas como PSD, PP e Republicanos, escancarando rachaduras na base governista. Otoni, que antes se apresentava como um defensor intransigente dos valores conservadores, agora evita confrontar o governo, alimentando suspeitas de que estaria buscando espaço dentro do MDB, partido que compõe o atual governo.
A recusa em assinar o pedido de impeachment pode representar um movimento calculado para preservar sua posição política. No entanto, a mudança de tom tem gerado críticas entre seus antigos aliados, que veem sua atitude como um passo em direção ao alinhamento com Lula. Diante do desgaste do governo e do avanço da oposição, a omissão do deputado pode acabar lhe custando o capital político que construiu ao longo dos últimos anos.