A greve dos auditores fiscais da Receita Federal completa três meses, causando impactos severos na liberação de mercadorias em portos e aeroportos. Empresas relatam mais de 75 mil remessas retidas, incluindo insumos industriais e eletrônicos. Em alguns casos, a liberação passou de um para mais de 30 dias, prejudicando a economia e gerando custos adicionais. Mesmo produtos prioritários, como medicamentos e cargas vivas, enfrentam atrasos inéditos.
Os prejuízos ainda não foram totalmente calculados, mas experiências anteriores indicam perdas bilionárias. Em uma operação-padrão semelhante em 2024, estimou-se um impacto de R$ 3,3 bilhões. Além disso, o Sindicato dos Despachantes Aduaneiros aponta que cada dia de paralisação encarece os produtos em 2,1%. No Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), processos fiscais que somam R$ 51 bilhões estão parados, travando a arrecadação.
O Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais justifica a greve pelo descumprimento de um acordo do governo, que previa a reestruturação da carreira e reajustes salariais. Já o Ministério da Gestão afirma que o acordo foi fechado e que não há previsão de novas negociações. Enquanto isso, a remuneração total dos auditores pode chegar a R$ 42.700, incluindo bônus, em um cenário onde o país enfrenta uma crise econômica sem sinais de alívio.